São 23 milhões de vacas ordenhadas, 1,3 milhão de produtores, 2 mil laticínios com inspeção… Confira ainda outros números que fazem do Brasil o quarto produtor mundial de leite
A produção nacional de leite em 2015, estimada em 34 bilhões de litros, coloca o Brasil em quarto lugar no ranking mundial dos países produtores. No entanto, apesar de ser um grande produtor, o País ainda importa lácteos para abastecer o mercado interno. De janeiro a julho de 2016 importamos 130,2 mil t de produtos, volume que equivale a 1,1 bilhão de litros de leite. Já as exportações ficaram bem abaixo, somando 25,9 mil t.
No setor primário, são 1,3 milhão de propriedades produzindo leite distribuídas por todo o território. Há registro da atividade leiteira em 99% dos municípios brasileiros, com um rebanho de 23 milhões de vacas ordenhadas. Em toda a cadeia do leite estão en¬volvidos cerca de 4 milhões de trabalhadores, sendo 11 mil só no transporte do leite da fazenda para a indústria e dos lácteos processados nas indústrias para o mercado.
O Ministério da Agricultura tem registrado cerca de 2 mil indústrias processadoras com SIF-Serviço de Fiscalização Federal, não considerando as empresas com serviço de inspeção estadual e municipal. Os laticínios captam cerca de 24 bilhões de litros por ano, que é um volume maior do que o processado na Índia, maior produtor mundial de leite, onde se processa apenas 17% da produção.
O leite brasileiro movimenta a economia de pequenas cidades, ajuda na distribuição de renda e gera emprego permanente, principalmente no meio rural. Em 2015, o valor bruto da produção foi de R$ 28,9 bilhões, considerando um preço médio de R$ 1,20 por litro de leite que foi captado e processado nas indústrias. Esses números se tornarão ainda mais relevantes nos próximos 10 anos.
A estimativa da população brasileira, para 2026, é de 219 milhões de pessoas, segundo o IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Para abastecer o mercado interno, a produção deverá ser de 37 bilhões de litros, mantendo o mesmo nível de consumo atual, que é de cerca de 170 litros de leite/habitante/ano.
A disponibilidade de leite por habitante no Brasil ainda é pequena quando comparada à de países desenvolvidos, cujo poder aquisitivo da população é mais elevado. A média de consumo nesses países alcança 220 litros/habitante/ano. Para atender a um crescimento do consumo de lácteos e ao crescimento da população, o volume produzido no Brasil em 2026, deverá atingir o patamar de 48 bilhões de litros.
Produção de leite cresce no mundo
Nos países da União Europeia, a captação nos cinco primeiros meses de 2016 foi 4,5% maior que no mesmo período de 2015. A atividade está crescendo principalmente via produtividade após a extinção das cotas de produção, e os governos incentivam a manutenção da atividade no campo com subsídios temporários e específicos.
A União Europeia anunciou, no início de agosto, uma assistência financeira para os produtores de leite que participam do Programa de Proteção de Margens para o Leite, que é acionada quando a margem média nacional é desfavorável, considerando a diferença entre o preço do leite recebido e o custo de alimentação do rebanho. Quando a margem fica inferior ao nível de cobertura escolhido pelo produtor, ocorre um subsídio temporário.
A China, que é o terceiro maior produtor mundial de leite, tem consumo de apenas 30 kg de leite/habitante/ ano. As pequenas fazendas, com menos de 100 vacas em produção, respondem por 50% do leite chinês, mas o número das mega fazendas, com 10 mil vacas em produção, está aumentando no país, estimulado pelo governo e com disponibilidade de crédito financeiro. O aumento da produção de leite na China se dá com a incorporação da tecnologia, segundo o professor da Universidade de Wisconsin, Dan Undersander.
Apesar da grande recessão por que passa o Brasil, estima¬-se que o mercado de lácteos cresceu 78% nos últimos cinco anos, movimentando cerca de R$ 60 bilhões de reais no ano passado. Vários estudos mostram que se ocorrer aumento de renda da população haverá crescimento do consumo de lácteos. O consumo de leite fluido é de aproximadamente 60 litros/habitante/ano, que é um valor semelhante ao dos países desenvolvidos. No entanto, o consumo de derivados, principalmente de queijo e iogurte, é baixo. Por isso a demanda interna deve crescer nesse segmento.
Dada a relevância do agronegócio do leite, o governo brasileiro deveria dar mais atenção à atividade. Os produtores também precisam ter mais coesão em suas reivindicações, pressionando a classe dirigente para que a atividade seja reconhecida e valorizada no País.