A previsão para o setor leiteiro em 2017 é de se ter um ano pouco melhor que o ano passado, com ligeira recuperação da margem para o produtor, o que exigirá cautela em toda cadeia láctea
“O ano de 2016 foi marcado pela alta no preço do leite ao produtor. Até novembro, dados os valores reais ficaram acima da média registrada em igual período do ano passado. A menor produção, em especial no primeiro semestre, deu sustentação às cotações, mesmo em um cenário de demanda interna patinando. Já no segundo semestre deparamos com pressão de baixa exercida pelos laticínios devido às quedas fortes de preços dos lácteos no atacado, além da importação em alta, entre outros fatores”.
A avaliação é de dois analistas de mercado da Scot Consultoria, Rafael Ribeiro e Juliana Pila, ao analisarem o balanço do setor leiteiro em 2016. Segundo eles, considerando a média nacional de janeiro a novembro, o produtor recebeu R$ 1,098 por litro, 5,7% mais que em igual período de 2015, considerando os valores corrigidos pelo IGP-DI.
Sobre captação, eles citam que no primeiro semestre o volume de leite adquirido pelos laticínios foi de 11,03 bilhões de litros, queda de 6,4% em relação a igual período de 2015. “Na comparação mês a mês com o ano retrasado, a produção caiu em todos os meses, resultado da queda de investimento e em função do corte de despesas por causa da elevação dos custos de produção e problemas climáticos em importantes regiões produtoras”, cita Ribeiro, observando que não existe excesso de leite no mercado e vivemos o segundo ano consecutivo de queda na produção.
Ao se referir aos custos de produção, os analistas da Scot dizem que somente nos meses de julho, setembro e novembro o índice apresentou queda na comparação mensal. Os itens com maior peso neste aumento foram: empregados, energia, combustível, alimentos concentrados, com destaque para o milho e suplementos minerais. Até novembro os custos subiram 22% em relação a igual período de 2015.
“Esta alta dos custos estreitou a margem da atividade. Em 2016, o cenário foi de retranca, com baixos investimentos e cortes de despesas, o que acabou impactando a produção”, cita Juliana Pila. Considera, que estamos vivendo uma fase de recuperação, com pico de produção ocorrendo entre o mês passado e este mês de janeiro na região Sudeste e no Centro-Oeste. “A diminuição da produção no Sul, desde novembro, deve ajustar em parte a oferta de leite no país”, completa.
Para 2016, a expectativa é de mercado mais ofertado que em 2015 e 2016, porém, sem excesso de produção. A expectativa é que a demanda interna tenha uma melhoria gradual e isso é favorável para a cotação do leite aos produtores. Com relação aos custos de produção, espera-se uma produção maior do milho na temporada atual e patamares mais baixos de preços.
Ribeiro observa que a importação de lácteos, principalmente de leite em pó, é um fator que deve continuar merecendo atenção. “Os volumes importados pelo Brasil aumentaram consideravelmente em 2016, com a produção menor no mercado interno e a menor competitividade do produto nacional. Entretanto, para 2017, os aumentos de preços do produto no mercado internacional e o dólar mais valorizado podem contribuir para volumes menores de importação”, estima.
A previsão dos analistas da Scot para o setor leiteiro em 2017 é de se ter um quando um pouco melhor que o ano passado, com ligeira recuperação da margem para o produtor. “Porém será um período que exigirá cautela de todos os elos do setor”, cita ele, lembrando que planejamento, gestão e estratégias de compras de insumos são essenciais, em especial em anos de incertezas.