COLUNA DO CEPEA

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Natália Grigol

Pesquisadora do CEPEA

Preço ao produtor acumula queda de 5% desde janeiro

A pesquisa do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, mostra que o leite captado em outubro e pago aos produtores em novembro recuou 6,2% e chegou a R$ 2,1857/litro na “Média Brasil” líquida – desvalorização de 2,5% frente ao mesmo período do ano passado, em termos reais. Esta é a segunda queda consecutiva dos preços no campo e, pela primeira vez no ano, a variação acumulada desde janeiro ficou negativa, chegando a -5% em termos reais (dados deflacionados pelo IPCA de outubro de 2021).

         A pesquisa do Cepea mostra que, de setembro para outubro, o Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) recuou – 0,87% na “Média Brasil”. Os dados mostram que, mesmo com o retorno das chuvas da primavera, que favorecem a disponibilidade de pastagem, a produção de leite segue limitada neste ano pelo aumento dos custos de produção e consequentes desinvestimentos na atividade. Considerando o período de janeiro a outubro, o poder de compra do pecuarista frente ao milho, insumo essencial para a alimentação animal, recuou, em média, 29,5% – no ano passado, o produtor precisava de, em média, 33 litros de leite para adquirir uma saca de milho de 60 kg (com base no indicador ESALQ/BM&FBovespa, Campinas-SP) e, neste ano, foram precisos 43 litros. Mesmo com a recente queda nos preços dos grãos, o patamar de preços ainda segue elevado e outros insumos também registraram altas significativas, como é o caso dos adubos e corretivos, combustíveis e suplementos minerais.

"Os dados mostram que, mesmo com o retorno das chuvas da primavera, que favorecem a disponibilidade de pastagem, a produção de leite segue limitada neste ano pelo aumento dos custos de produção e consequentes desinvestimentos na atividade"

Dessa forma, a desvalorização dos preços no campo se mostra fortemente atrelada à crescente perda no poder de compra do consumidor, que tem desacelerado consistentemente as vendas de lácteos desde meados de agosto. Com demanda enfraquecida e pressão dos canais de distribuição, os estoques se elevaram, forçando as indústrias a reduzirem os preços dos lácteos durante outubro. A pesquisa do Cepea mostra reduções da ordem de 6,8%, 4,9% e 2% nos preços médios do leite UHT, muçarela e leite em pó, respectivamente, negociados pelas indústrias junto aos atacados do estado de São Paulo em outubro frente a setembro. As negociações do leite spot em Minas Gerais também perderam força em outubro, e os preços caíram de R$ 2,34/litro, na primeira quinzena, para R$ 2,14/litro na segunda (-8,6%). Esse movimento de desvalorização continuou e o leite spot chegou à média de R$1,96/litro na segunda quinzena de novembro.

Ainda que os custos de produção sigam altos, a expectativa do setor é de a tendência de queda se mantenha para os preços do mês que vem, ainda influenciados pelas dificuldades associadas às vendas dos lácteos na ponta final da cadeia.

 
 PREÇOS RECEBIDOS EM NOVEMBRO PELO VOLUME CAPTADO EM OUTUBRO
  Preços líquidos – não contém frete e impostos. Valores nominais.
         
 BAGOMGSPPRSCRSBRASIL
set/212,15342,41302,41192,38482,33352,28382,25542,3827
out/212,12572,35182,35642,36412,29712,20052,17262,3305
nov/212,07472,21852,19552,29322,15002,04482,03762,1857
variação mensal-2,40%-5,67%-6,83%-3,00%-6,40%-7,08%-6,21%-6,21%
  
  
   
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