O AgroSeminário Brasília 2016, realizado na última semana de novembro pelo Instituto de Educação do Agronegócio (I-UMA), no Hotel Royal Tulip, na capital federal, tornou-se uma agenda prioritária para as lideranças que pensam o futuro do agronegócio brasileiro nas esferas governamentais, no legislativo, no setor rural e no âmbito acadêmico e da pesquisa.

Na abertura do encontro, que teve como tema Agrossociedade – A Gestão do Conhecimento e da Inovação – Os Desafios para o Desenvolvimento Sustentável, o presidente do I-UMA, José Américo da Silva, destacou pontos-chaves que precisam ser enfrentados no mundo para que até 2050 o setor possa atender uma demanda que deverá dobrar de tamanho com o aumento de 2 a 3 bilhões pessoas no mundo.

“Para garantir que os 7 bilhões de pessoas sejam adequadamente hoje alimentadas e que possamos dobrar a produção de comida nos próximos 40 anos precisamos urgentemente melhorar a produtividade no campo, aumentar a eficiência do uso e consumo de água e reduzir o desperdício na produção e na distribuição de comida”, destacou, argumentando que é preciso alimentar o planeta sem destruí-lo. “Para isso, é precisa focar em práticas de gestão, em novas tecnologias, na ampliação da informação e lutar pelo aumento de financiamento público para a pesquisa”.

O mineiro José Dória, secretário de Mobilidade Social, do Produtor Rural e Cooperativismo do Mapa-Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, reforçou o tema do evento, citando que o principal insumo que a agricultura brasileira deve ter hoje é o conhecimento. “Se pegarmos terra, capital e trabalho e se junto não colocarmos a tecnologia, teremos alguém na terra empobrecido, uma terra que não vai ter produtividade”, disse, observando que a inovação e as novas tecnologias são fundamentais para um país que produz mais de 200 bilhões de t de grãos.

Já a senadora Ana Amélia Lemos, presidente da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado, acentuou a importância da sustentabilidade para o atendimento à crescente demanda de alimentos. “A agenda do desenvolvimento sustentável é permanente. Quanto mais o mundo precisar de comida maior será a preocupação com a sustentabilidade. Cerca de 70% de toda a produção agro brasileira é tecnologia, é inovação. E a tecnologia veio para melhorar as condições de competitividade e de produtividade, utilizando uma área menor sem precisar derrubar árvores”, observou.

Para Vitor Hugo de Oliveira, chefe da Secretaria de Negócios da Embrapa, o grande desafio no tema da sustentabilidade é como o Brasil vai encontrar caminhos para aplicá-la e ao mesmo tempo manter o seu protagonismo como grande player na produção mundial de alimentos. “Hoje já temos uma produção preocupada com menor emissão de gases de efeito estufa, menor nível de desmatamento na pecuária, principalmente na bovinocultura, com cerca de 11,5 milhões de ha cultivados com sistema integrado de lavoura-pecuária-floresta”, destacou.

Uma das presenças mais esperadas do evento, o representante da FAO-Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, Alan Bojanic, destacou que o consumidor virou uma questão estratégica. “É importante lembrar que, cada vez mais, temos um consumidor mais exigente, mais informado. É comum agora ouvir ‘aqui tá faltando potássio, aqui tem muito sódio’. Então, para justamente pensar nos grandes desafios temos que repensar a estrutura produtiva, pensando nas novas demandas, nas tendências do mercado”, lembrou.

Segundo Bojanic, o consumidor exigente vai mudar os padrões de produção. “Sempre estamos falando disso porque é o grande desafio da humanidade, que é produzir para mais de 2 bilhões de pessoas do que temos hoje. “A FAO calcula que, no mínimo, vamos precisar de 60%, 70% a mais do que produzimos atualmente.  Somente falando em grãos, a produção atual é de 2,5 bilhões de t, 60% a mais é quase 1,5 bilhão de t. E a FAO espera que dessa projeção, o Brasil responda por 40%, ou seja, 500 milhões de t, mais que o dobro da produção atual”.

Completando, o diretor corporativo da Syngenta, Pablo Casabianca, lembrou que em 1940, um hectare de terra alimentava 19 pessoas; em 1960, 46 pessoas; em 1990, 129 pessoas e neste ano, 144 pessoas. “Em 2050, quando a população deverá ter atingido o pico de 10 bilhões de pessoas no planeta, esse mesmo hectare precisará alimentar de 150 a 300 pessoas”, projetou. Destacou também que em 1991, o Brasil produzia perto de 59 milhões de t, somando todos os produtos, e registrava uma produtividade de 1.500 kg por hectare. Hoje, são 200 milhões de t produzidas e uma produtividade de 3.500 kg por hectare.

“Com esses dados, o Brasil mostra que é possível aumentar a produtividade sem necessariamente ter que aumentar a base de volume de terra. O ponto alto do seu pronunciamento foi a apresentação do The Good Growth Plan. “A Syngenta está empenhada em aumentar a produtividade agrícola para alimentar uma população global que cresce em 200 mil pessoas por dia”. Lançado em 2013, o plano engloba compromissos mensuráveis da empresa até o ano de 2020, para contribuir com o desafio da segurança alimentar global, que incluem o aumento da produtividade agrícola com eficiência dos recursos, rejuvenescimento dos ecossistemas e fortalecimento das comunidades rurais.

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Texto redigido a partir de informações enviadas por Neiva Mello, assessora de imprensa do evento.  

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