Na pecuária de leite, a água é fundamental em diferentes etapas da atividade produtiva. Por isso é preciso saber usá-la, medindo e ajustando o consumo de cada setor

Por Julio Cesar P. Palhares

A água, assim como a agricultura e a pecuária, é fundamental para a existência de vida no Planeta. Por serem de extrema importância, a água e a produ­ção de alimentos têm intensos vínculos: não há produção sem água em quantidade e com qualidade, do mesmo modo que não há um substituto para a água. Portanto, pode-se falar de agro-hidronegócio, no qual a água é captada em seu estado líquido e transformada em produtos, sejam na forma líquida, como o leite, ou sólida, como grãos, carne etc.

O Brasil, em comparação com outros países e com os principais produtores de commodities agropecuárias, tem uma condição de conforto hídrico, mas que não é finito e cuja manutenção depende das ações de hoje para garantir as pro­duções de amanhã. Em se tratando de produção de proteína animal é necessá­rio, primeiramente, entender e manejar a água nas três dimensões que ela possui em um sistema de produção: alimento, insumo e recurso natural.

No entanto, um grande salto de eficiência no uso da água só será dado quando as cadeias produtivas internali­zarem o conceito de manejo hídrico, o qual é definido como o uso cotidiano de conhecimentos, práticas e tecnologias que garantam a oferta de água em quantidade e qualidade. Aqui se deve ressaltar a palavra “cotidiano”. Se a água não for manejada todo dia, dificilmente haverá melhora na condição hídrica e continuará o “manejo do desespero”, no qual a água só é lembrada quando está em falta.

O setor agropecuário não pode falhar em ser o ator principal no geren­ciamento dos recursos hídricos utiliza­dos na produção de alimentos. Para isso, tem que dispor de informações, das mais simples às mais complexas. Essas informações, que determinarão a segurança e independência hídricas das produções e da sociedade, devem ser trabalhadas para gerar conhecimentos, o que propiciará a gestão do recurso. Dessa forma, eventos extremos terão impactos negativos menores.

Também a relação produção animal e qualidade da água tem despertado a preocupação da sociedade. Na região Sul do Brasil, essa discussão é histórica, principalmente, devido à elevada densi­dade animal (pecuária de leite, suínos e aves de corte) por área. Tal intensifica­ção provocou uma forte pressão sobre os recursos naturais, como a água, haja visto que não existe área suficiente para deposição de dejetos. Esse problema se torna mais dramático quando consideramos a enorme concentração de atividades, como ocorre em algumas regiões de Santa Catarina.

Os conflitos en­tre produção ani­mal e qualidade ambiental tendem ao agravamento se não forem fo­mentadas no Brasil ações mitigado­ras, proposições de intervenção, e gestão e zonea­mentos econômi­cos e ecológicos dos territórios. Ao mesmo tempo, é preciso aprimorar as legislações am­bientais incidentes nas produções ani­mais, entre outras providências. A mediação, a negociação e a resolução desses conflitos devem se dar de maneira multi-institucional, considerando seu caráter multifatorial.

Leia a íntegra desta matéria na edição Balde Branco 630, de abril 2017

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