Com dados sobre manejo, alimentação e índices de sanidade a partir de metas factíveis, um novo programa é lançado para melhorar a eficiência na criação das bezerras
Por João Antônio dos Santos
É sabido que com uma dieta eficiente na fase de bezerras pode-se aumentar o potencial futuro de produção das vacas em até 1.000 litros por lactação. “Hoje, as bezerras estão inseridas no sistema de produção como um fator muito importante na relação custo/benefício”, ressalta a professora Carla Bittar, da Esalq-Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz/USP. Este conceito foi destacado em sua palestra no evento de apresentação do Programa Alta Cria, promovido pela Alta Genetics, em Uberaba-MG, no último dia 24 de novembro, para cerca de 200 produtores e técnicos.
Rafael Azevedo, gerente da central, explica que a empresa percebeu que deveria ir além de apenas colocar mais um produto no mercado, no caso, o colostro em pó. “É fundamental conhecer melhor o contexto, o produtor, suas condições e índices de criação das bezerras”, assinala. Para dar suporte ao Programa, foram convidados especialistas e criadores, com rotina de anotações de dados zootécnicos. Neste ano, 36 fazendas participaram do programa, coletando informações de mais de 7 mil bezerras, número que será dobrado na edição de 2018.
Com base nestes dados foi traçada uma linha de benchmarking indicando onde cada criatório estava e onde poderia chegar, considerando as particularidades de cada fazenda e tendo como referência o chamado Padrão Ouro de Criação de Bezerras e Novilhas dos Estados Unidos. “Ficou evidenciado que alguns pontos críticos precisavam ser melhorados, como higiene geral, cura do umbigo e colostragem. Ou seja, a base para a bezerra ter um desenvolvimento saudável”, descreve.
A professora Sandra Gesteira, da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais, explica que o referido padrão foi criado com o objetivo de ajudar produtores e técnicos norte-americanos focados na melhoria do manejo de bezerras e novilhas leiteiras. “Para isso, estabeleceram-se padrões e índices para identificar as áreas para melhorar o desempenho dos animais e a viabilidade dos negócios”, conta.
A seguir, algumas das práticas indicadas pelo Padrão Ouro que servem de referência para o novo programa:
– Relação entre vaca e cria – Separar antes de a bezerra ficar de pé e mamar. Isso porque neste movimento há grande risco de contaminação por patógenos presentes no chão da maternidade.
– Cura do umbigo – Deve ser feita até 30 minutos após o nascimento, com uma solução de iodo a 5-7%, repetindo por pelo menos três dias (para desidratar e secar o coto do umbigo, que deve cair até o quarto dia).
– Qualidade do colostro – O Padrão Ouro recomenda a vacinação da vaca no pré-parto, pois efetivamente eleva a qualidade do colostro. Após a parição, a vaca deve ser ordenhada em até quatro horas, já que a qualidade do colostro diminuiu com o passar do tempo.
Sobre esse item, a professora Sandra diz que o colostro deve estar sempre livre de resíduos e jamais ser de vacas com mastite. “Periodicamente, deve-se fazer teste de contagem bacteriana no colostro, sendo que a meta é menos de 50 mil UFC/ ml. A recomendação é fornecer ao recém-nascido uma quantidade de colostro equivalente a 10% de seu peso corporal, em suas duas primeiras horas de vida, para se ter o máximo de eficiência na absorção dos nutrientes e anticorpos.
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Leia a íntegra desta matéria na edição Balde Branco 638, de dezembro 2017