A doença, que causa grandes perdas na pecuária de leite e corte, ganha nova opção de combate: uma vacina viva, contra a BVD tipo 1 e tipo 2, com bons resultados na Europa
Por Nelson Rentero, de Modena
Há vários anos, a Itália, entre outros países europeus, não convive com casos de tuberculose, febre aftosa, leucose e brucelose em rebanhos bovinos. São doenças que foram erradicadas desde a década de 60. Hoje, as enfermidades preocupantes são outras, também conhecidas por aqui, como a BVD, sigla atribuída à diarreia viral bovina, que parece também ter os dias contados no que significa de prejuízos produtivos e reprodutivos para seus pecuaristas e do Velho Continente.
Arriscar tal previsão tem por base os resultados que têm sido gerados a partir da aplicação de uma vacina viva, de ação monovalente, com o nome de Bovela. Antes de ser lançada no mercado, em março de 2015, sua eficácia havia sido comprovada em 3.200 animais a partir de um programa de testes de laboratório e experimentos de campo comparando-a com outras opções, como vacinas tríplices e polivalentes, produtos de uso comum para prevenir tal doença e algumas outras, como IBR e doenças respiratórias.
O produto desenvolvido pela Boehringer Ingelheim, laboratório alemão de atuação multinacional, logo ganhou aprovação no mercado ao ser comercializado em países de pecuária de leite e de corte, como França, Alemanha Espanha, Inglaterra, Holanda, Itália, entre outros. “Até hoje foram vendidas 6,3 milhões de doses de vacinas, sendo que desse volume 60% foram aplicadas em vacas de leite e 40% em gado de corte”, informa Christian Guidarini, gerente técnico da empresa.
Para ele, trata-se de números expressivos, se for considerado o fato de que vacinas vivas tinham uma aceitação restrita em alguns países europeus. Atuante desde as etapas iniciais do projeto, o consultor relata que a definição da formulação agora comercializada tem 20 anos, quando testes envolvendo um instituto de pesquisa de medicina humana sobre vírus da hepatite C deu sinais de que os mesmos caminhos poderiam ser traçados para BVD, já que tratavam de vírus quase semelhantes.
“A diferença ficava por conta de dois genes, que passaram a apontar sinais positivos para uma nova direção ao estudo. Um deles, por exemplo, anulava a tão temida infecção do feto, já que o vírus deixava de passar para a placenta”, ele relata, contando que a partir daí passou-se, então, para a etapa da investigação não aplicativa e posterior modificação genética, comprovando que os vírus das duas enfermidades tinham mesmo afinidade, o que foi confirmado antes do desenvolvimento da vacina, hoje, vendida na Europa.
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Leia a íntegra desta matéria na edição Balde Branco 638, de dezembro 2017