Ser foco de doenças e contaminação ambiental é um problema atribuído às carcaças de animais deixadas no campo. Para evitá-lo, pesquisa e indústria buscam soluções
Por Luiz H. Pitombo
Estimativas apontam que anualmente as propriedades leiteiras sejam responsáveis por cerca de 192 mil t de bovinos mortos por causas rotineiras ou trágicas. Este volume ocupa a terceira posição ao se considerar a soma das quatro principais atividades de criação animal, com quantidade total de 1,25 milhão de t/ano. Em primeiro lugar estão os bovinos de corte com 58% deste total, seguidos das aves, com 18%; bovinos leiteiros, com 15%, e por último, dos suínos, com 9%.
Do ponto de vista regional, as carcaças dos bovinos leiteiros apresentam sua maior presença no Nordeste, com 26% do total da atividade, vindo na sequência o Sudeste, com 24%; o Sul e o Centro-Oeste, com 18% cada, e a região Norte, com 11%. Contudo, ao se considerar juntas as quatro espécies é a região Sul que mostra a maior concentração de animais mortos em sua área territorial, vindo depois o Centro-Oeste e o Sudeste, segundo cálculos da Embrapa Aves e Suínos.
Este centro de pesquisa está à frente do projeto “Tecnologias para a destinação de animais mortos”, o Tec-Dam, que começou a funcionar em 2016 e do qual a Embrapa Gado de Leite também participa. Ele visa pesquisar alternativas para o problema nas três espécies animais dominantes e ao mesmo tempo fornecer subsídios para o estabelecimento de uma legislação, pois ainda não existe norma específica para o destino das carcaças em propriedades e nem para o seu trânsito ou uso em reciclagem. O que se tem é unicamente relacionado a mortes por doenças de notificação obrigatória.
Já como par¬te dos trabalhos do Tec-Dam, foi realizada uma pesquisa no ano passado junto aos produtores de leite de to¬das as regiões do País, quando foram tabuladas as respostas de 157 questionários envolvendo sistemas de produção a pasto, semiconfinado e confinado. Entre as causas mais frequentes de mortes de animais, foram apontadas: diarreia, tristeza parasitária, parto, acidentes, mastite, carbúnculo e picadas de cobra.
Quanto ao destino das carcaças, 47% informaram que estas são enterra¬das, enquanto 26% as deixam no local e 2% arrastam até alguma mata. Outros 18% utilizam mais de uma alternativa, enquanto 3% as queimam e apenas 4% utilizam a compostagem, que tem sido a recomendação da Embrapa Gado de Leite. Tanto a queima como o enterramento são inadequados do ponto de vista ambiental, e mantê-las expostas as torna fonte de doenças, atrai animais, libera odores, dentre outros resultados.
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Leia a íntegra desta matéria na edição Balde Branco 634, de agosto 2017