COLUNA DO CEPEA

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Natália Grigol

Pesquisadora do CEPEA

Preço do leite pago em outubro recua 2,2%

O preço do leite captado em setembro e pago aos produtores em outubro registou queda de 2,2%, chegando a R$ 2,3305/litro na “Média Brasil” líquida do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. O valor é 1,2% menor do que o registrado no mesmo período do ano passado, em termos reais (dados deflacionados pelo IPCA de setembro de 2021). Depois de seis meses de altas consecutivas, esta é a primeira desvalorização do leite no campo e marca, assim, o início da safra da produção leiteira.

 É típico que se observe queda de preços no campo a partir de setembro devido ao incremento na oferta, tendo em vista que a produção é favorecida pelo retorno das chuvas da primavera e pela consequente melhoria da qualidade das pastagens. De fato, de agosto para setembro, o Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea aumentou 2,2% na “Média Brasil”, favorecido pelas melhores condições climáticas e também pela melhor relação de troca do leite frente ao milho, insumo básico da atividade.

De acordo com dados do Cepea, em setembro, foram precisos 38,8 litros de leite para adquirir uma saca de milho 60kg (com base no indicador Esalq/BM&FBovespa Campinas-SP), uma melhora de 7,2% no poder de compra do pecuarista frente a agosto. Ainda assim, observa-se que, neste ano, o incremento na oferta ocorre de forma mais lenta que no ano passado devido aos maiores custos de produção. Vale lembrar que, em setembro do ano passado, o ICAP-L registou alta de 3,1% e eram precisos 28,2 litros para a compra do milho.

"De fato, de agosto para setembro, o Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea aumentou 2,2% na “Média Brasil”, favorecido pelas melhores condições climáticas e também pela melhor relação de troca do leite frente ao milho, insumo básico da atividade"

Além do início da safra, é importante destacar que a retração da demanda também desempenhou papel relevante para a desvalorização dos preços no campo em outubro. A crescente perda no poder de compra do consumidor tem desacelerado as vendas de derivados desde meados de agosto. Com demanda enfraquecida e pressão dos canais de distribuição, os estoques se elevaram, forçando as indústrias a reduzirem os preços dos lácteos durante setembro. As negociações do leite spot em Minas Gerais também perderam força em setembro, e os preços caíram de R$ 2,58/litro, na primeira quinzena, para R$ 2,50/litro na segunda, recuo de 3%.

 

A expectativa do setor é de que o preço do leite captado em outubro e pago ao produtor em novembro registre nova queda, tendo em vista o aumento das chuvas e da oferta e também a continuidade do movimento de desvalorização dos derivados lácteos e do leite spot durante outubro.

 
 
 
 
 
 PREÇOS RECEBIDOS EM OUTUBRO PELO VOLUME CAPTADO EM SETEMBRO
  Preços líquidos – não contém frete e impostos. Valores nominais.
         
 BAGOMGSPPRSCRSBRASIL
ago/212,06782,36722,39442,36582,31682,25642,25032,3595
set/212,15342,41302,41192,38482,33352,28382,25542,3827
out/212,12572,35182,35642,36412,29712,20052,17262,3305
variação mensal-1,29%-2,54%-2,30%-0,87%-1,56%-3,64%-3,67%-2,19%
 
  
   
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