Em sua oitava edição, Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite, reuniu 700 profissionais em Chapecó-SC para discutir desafios do setor
Promovido pelo Nucleovet – Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootenistas, o 8º Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite foi realizado de 06 a 08 de novembro, no Centro de Eventos Plínio Arlindo de Nês, em Chapecó-SC. O evento apresentou temas relevantes para o setor, como a gestão da porteira para dentro, a visão da agroindústria, desafios para alavancar o consumo interno e exportação de lácteos.
Consumo interno e exportações
A programação técnica do dia 06 de novembro apresentou o Painel “Desafios para o Crescimento Sustentável da Cadeia Produtiva do Leite”. Na palestra “Da porteira pra dentro” Mário Zoni, focou sua apresentação nos diferentes perfis do produtor. Já Marcelo Martins apresentou a “Visão da indústria – da porteira pra fora”, ressaltando a importância de, antes de focar apenas no mercado externo, ampliar o consumo interno. “Commoditie é preço, precisamos aumentar a competitividade para exportar”, resumiu.
No mesmo painel, Antônio da Luz, afirmou que o mercado internacional de lácteos é extremamente restrito. “O volume exportado no mundo é pífio em relação ao consumo. Apenas 0,3% do consumo é satisfeito com importações. O caminho do leite não é a exportação, mas o consumo interno”.
Ainda no dia 06 ocorreu a abertura oficial do evento. O prefeito Luciano Buligon, lembrou que Chapecó é o município de Santa Catarina que mais produz leite, bem como o estado é o quarto maior produtor do pais. “Este simpósio nos desafia a nos tornarmos cada vez melhores”. O Presidente do Nucleovet, Médico Veterinário Rodrigo Toledo, destacou o crescimento do público e também a evolução da feira. “O Simpósio vem se consolidando como um dos principais eventos técnicos do Brasil, nesta edição com 700 participantes”. O professor Luis Marins proferiu a palestra oficial de abertura destacando a importância da ética na vida profissional e nas empresas.
Conteúdo de impacto técnico
No segundo dia de programação do SBSBL, 07 de novembro, José Luiz Moraes Vasconcelos destacou aspectos essenciais para a reprodução, a importância de ver o sistema como um todo, observar todos os detalhes e avaliar a sequência lógica dos eventos. Thiago Bernardes apontou estratégias para minimizar perdas e potencializar a produção de leite no processo de produção de silagem. Vanderley Porfírio da Silva destacou o sistema silvopastoril na produção de leite. Vagner Miranda Portes, abordou a importância do status sanitário e prevenção da mastite na obtenção de um leite de qualidade.
“A ordenha é como uma orquestra, em que os vários componentes devem trabalhar em harmonia”, definiu o engenheiro mecânico Felipe Facchinelli. A qualidade agrega valor à atividade, afirmou a veterinária Mônica Maria Oliveira Pinho Cerqueira, em sua palestra “Legislação sobre Qualidade do Leite: Mudança, impactos e perspectivas para cadeia láctea”.
O terceiro dia do SBSBL abriu com a palestra de Rodrigo Carvalho Bicalho (Universidade Cornell/EUA) sobre Interações do sistema imune e o metabolismo da vaca de alta produção. Marlon Richard Hilário da Silva, tratou dos aspectos práticos do balanceamento de aminoácidos para vacas leiteiras. Sérgio Soriano, médico veterinário, gestor da fazenda Colorado, de Araras, SP, abordou os principais desafios na gestão de propriedades leiteiras. “Se você tem um produto inovador, ganha um ano do seu concorrente, esse é o período máximo de vantagem. Mas, se investe nas pessoas, a empresa ganha sete anos à frente de seus concorrentes. Investir em pessoas é algo que nos coloca a frente de nosso tempo, esse é o nosso principal desafio”, destacou.
Rodrigo Carvalho Bicalho encerrou a programação do 8º Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite com palestra sobre manejo, conforto e claudicação. Conforme Bicalho, problemas de casco não tem relação nutricional. Geralmente são problemas ambientais, de excesso de desgaste do casco, ou por casqueamento ou concreto das instalações. “A estratégia da vaca é comer rápido, deitar e ruminar. A vaca foi feita anatomicamente para ficar deitada e sua biomecânica explica todas as doenças de casco. Colocou a vaca em concreto, ela começa a ter problemas de casco”, afirmou.
Crescimento da cadeia apresenta desafios
A produção de leite está em franco crescimento na região Sul. Nos últimos dez anos, Santa Catarina aumentou um crescimento de 82% na produção. O Brasil avançou 32%.
Diante desse cenário, Airton Vanderlinde, Médico Veterinário e o Presidente da Comissão Científica do Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite, destaca a importância do evento. Conforme ele, os temas foram voltados às demandas do setor, foram muito bem recebidos pelo público. “Apresentamos palestras sobre as demandas da porteira para dentro, principalmente voltados à gestão e à qualidade do leite, bem como a visão da indústria, as possibilidades de exportação e a necessidade de ampliar o mercado interno”.
Nas apresentações mais técnicas, Vanderlinde destaca a escolha de temas aplicáveis e com impacto na produção leiteira. “O objetivo do Nucleovet é promover capacitação continuada para que essas informações cheguem ao produtor, contribuindo para o desenvolvimento de toda a cadeia produtiva do leite”.
Vanderlinde ainda projeta o próximo evento, em 2019. “A expectativa é fazer ainda melhor e consolidar esse evento como referência na área de bovinocultura de leite”, finalizou.