Dias atrás, um dos primeiros estábulos construídos com a tecnologia “compost barn túnel de vento” foi visitado por um grupo de colegas da Embrapa Gado de Leite, professores do Departamento de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Juiz de Fora e técnicos da Emater-MG. Seu proprietário é um daqueles brasileiros que nos inspiram, unindo espírito empreendedor, paixão pelo que faz, e determinação para inovar. Melhor ainda, é um empresário que envolve sua família no empreendimento, demonstrando sua confiança no futuro.

Fomos conhecer mais da tecnologia compost barn, o “estábulo-composto” na sua versão fechada, isto é, onde as vacas são mantidas sob um ambiente onde umidade, temperatura e luz são controladas. O que vimos foi um enorme galpão, 180 metros de comprimento, quase 20 metros de largura, contendo naquele momento 280 vacas holandesas, em pré-parto e nos diferentes estágios de lactação. O ambiente todo coberto por lonas translúcidas, numa das frentes uma parede de placas evaporativas, na outra extremidade um conjunto de exaustores, controlado por sensores de temperatura e umidade do ar no interior do galpão, mantendo a temperatura em 23ºC. A cada 12 metros, cortinas de lona penduradas no teto forçam a corrente de ar para próximo das vacas.

Ao caminharmos conversando com o proprietário e sua jovem equipe de técnicos, incluindo o casal de filhos, ao longo da área de “cama”, composta por serragem fina, percebemos que a vacada está limpa, calma, se alimentando, ruminando deitada, dormindo, e algumas em atividade de manifestação de cio. O ambiente é praticamente inodoro.

Durante a visita, surgiram várias dúvidas, olhares de descoberta, pois o ambiente é também inusitado: a luz é artificial e relacionada aos indicadores reprodutivos. Na verdade, foi o consumo de energia elétrica o fator que decidiu em favor do uso do composto “fechado”, para reduzir pelo menos à metade a conta da energia elétrica, quando comparado ao consumo de um composto “aberto”.

Mais ao final da visita, a grande questão: estão arrependidos de usarem o composto fechado? Não! Sem essa escolha, a opção seria desistir da atividade leiteira. E como ocorre com todo empresário criterioso, vieram números, na forma de gráficos, tabelas e mesmo seu resultado financeiro. A propriedade ainda não alcançou seu equilíbrio, o rebanho precisa crescer; a genética está sendo adequada, assim como alimentação e reprodução, com consultoria profissional.

Por outro lado, decisões para novos investimentos com recursos próprios já foram tomadas para a construção de uma nova sala de ordenha e mais um galpão. Os funcionários estão motivados com a nova tecnologia e contribuem de modo decisivo para manter os sinais vitais da parte mais sensível do sistema, depois das vacas: a atividade da cama, que tem que ser controlada diariamente, aerada com o implemento “Avassalador” para garantir temperatura e umidade corretas, e com isso assegurar a higiene e o conforto aos animais.

No pouco tempo dessa visita, pudemos constatar que mais uma opção tecnológica se apresenta aos produtores profissionais de leite. A exemplo do que fizemos há mais de trinta anos com a tecnologia do estábulo free-stall, a Embrapa Gado de Leite estará se debruçando no desenvolvimento dessa nova tecnologia de produção intensiva de leite, associada à aplicação de tecnologias digitais e do conceito de internet das coisas. Mas, sem abdicar de estudos nos demais sistemas de produção, porque estaremos renovando nossas parcerias e abraçando novos parceiros. Queremos gerar indicadores tecnológicos que sejam adequados aos diferentes ambientes que temos no Brasil e com isso, reduzam o risco do investimento para os produtores, sempre em parceria, trazendo o futuro para o presente, oferecendo soluções para o leite 4.0.

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