Quando eu comprar as terras do meu vizinho, serei feliz! Quando eu comprar um trator novo, serei feliz! Quando eu trocar de carro, serei feliz! Acreditamos que somente seremos felizes quando alcançarmos vitórias. Pensando assim, faz sentido uma velha música do Odair José, um cantor brega que fez muito sucesso quando eu era jovem. Ele cantava que “felicidade não existe, o que existe são momentos felizes”. Eu pensava assim, mas há algum tempo, mudei minha maneira de pensar. Eu achava que era o sucesso que trazia a felicidade, mas descobri que a felicidade é que traz o sucesso! E que felicidade não surge por acaso. Felicidade precisa ser construída!
Schawn Achor é um professor da Universidade Harvard, dos Estados Unidos. Ele me mostrou que a felicidade vem antes do sucesso. Eu aprendi lendo o seu livro O jeito Harvard de ser feliz. Ele fez um experimento com cerca de 1.600 pessoas e ficou evidenciado que agir com otimismo, pensar em coisas que trazem o sentimento de felicidade e ter convívio social impacta positivamente no rendimento educacional e na realização de negócios, e não o contrário. Não é o sucesso nos estudos e nos negócios que faz as pessoas se sentirem otimistas, terem amigos e usufruírem de coisas que despertam o sentimento de felicidade.
Uma empresa, a Metlife, decidiu levar esta experiência a sério e resolveu contratar somente vendedores que se mostravam otimistas e comparou o desempenho deles com o dos demais. Em um ano, o rendimento dos otimistas contratados foi 19% superior ao dos demais vendedores. Em dois anos, quando os novos contratados já conheciam melhor o negócio, o rendimento deles foi 57% superior. Isso nos leva a concluir que inteligência e conhecimento são menos importantes para se alcançar o sucesso. O importante é ser otimista, criar redes de relacionamento e saber lidar com as pressões, o estresse. Tenho 34 anos como professor e faço uma revelação: ser o primeiro da turma não garante o sucesso. Ao contrário, torna o sucesso profissional mais difícil.
É necessário estar comprometido em construir a felicidade. Ela não nasce pronta nem aparece de repente. Para construí-la, basta seguir quatro regras de ouro. A primeira regra é moldar como o nosso cérebro entende o mundo. É preciso pensar em coisas positivas e ter hábitos positivos. Cultivar a gratidão, um sentimento tão escasso nos dias de hoje, é algo fundamental para se sentir feliz, e fazer exercícios físicos também. A segunda regra é assumir que viver é correr risco sempre, e em cada ameaça que surge nas nossas vidas, tem um ensinamento a ser aprendido e uma oportunidade a ser exercitada. Portanto, as ameaças precisam ser encaradas como oportunidades de crescimento. O medo paralisa e deprime. Encarar o novo com curiosidade faz a caminhada atrativa e prepara a alma para surpresas. A terceira regra é manter relações com os amigos, cultivar pessoas. Não troque trabalho por amigos. Trabalhe muito e viva com os amigos. Acredite, é possível conciliar amigos e trabalho!
A quarta regra é a dos 20 segundos. Se você tem um hábito que sabe que não é saudável, mas não consegue evitá-lo, trabalhe para sabotar seu cérebro. Encontre uma forma de atrasar a sua ação neste caso, sempre em 20 segundos. Por exemplo, se você sabe que tem dedicado muito do seu tempo em ver televisão, obrigue-se a colocar as pilhas no controle remoto toda vez que for usá-lo. Se você passa boa parte do seu dia interagindo com as redes sociais, obrigue-se sempre a entrar com login e senha toda vez que for se conectar. Assim, a vontade passa…
Quem é produtor de leite reúne motivos para ser feliz, e por isso a atividade é tão apaixonante. Ver uma bezerrinha nascer, crescer e se tornar vaca é algo que por si traz felicidade. Talvez a vaca seja o animal que mais desperte o sentimento de felicidade. Todos, ao longo da vida, conhecemos pelo menos uma vaca com o codinome de Mimosa. Mas nunca vi um cachorro ou cachorra com este codinome. Produzir leite é ver o ciclo da vida se renovar diante de si a cada momento. E isso desperta o sentimento de felicidade.
Mas é fácil construir a infelicidade e o insucesso. Um produtor de leite tem muito capital acumulado na propriedade. Se somarmos apenas o valor do rebanho dos produtores de um laticínio, só isso vale mais que o próprio laticínio. Logo, o produtor precisa fazer gestão como fazem os ricos, ou seja, sem desperdício. Rico não rasga dinheiro; desperdício é hábito de pobre. Também é bobagem esperar retorno econômico rápido no leite, então, quem está na atividade tem de pensar no melhor. Já falar mal do leite como negócio é um ótimo caminho para estimular os filhos a irem embora da propriedade e não querer usufruir de todo o capital que eles terão disponível, por herança.
Acredite que a felicidade vem antes do sucesso. Treine seu cérebro para ser otimista. Cultive gratidão. Caia para cima e não desista. Fortaleça suas relações com pessoas e conte até 20. Assim, você estará construindo a sua felicidade.