Estudo comprova o impacto positivo das técnicas de manejo de baixo estresse na IATF

A boa performance na estação de monta está ligada a diversos fatores, porém, as técnicas de manejo de baixo estresse podem impactar positivamente na melhora de resultados de prenhez e, ainda, na vida das pessoas. Com o reconhecimento dos bovinos como seres sencientes, capazes de sentir sensações e ter percepções conscientes do que lhe acontece, o manejo dos animais se torna mais racional. Durante a Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), que intensifica a interação humano-animal, a baixa qualidade desse contato pode criar estímulos negativos na saúde e produção animal, fazendo com que as fêmeas não respondam à técnica reprodutiva devido ao estresse e, assim, diminuam a eficiência do protocolo.

É, inclusive, o que comprova um estudo realizado pela MSD Saúde Animal, em parceria com o Professor Pietro Baruselli, que avalia os impactos reprodutivos entre o manejo convencional e o aplicado no Criando Conexões, programa lançado no Brasil em 2015 pela companhia e que reforça as técnicas de baixo estresse e o bem-estar animal. Dada sua relevância, o trabalho foi aceito no International Ruminant Reproduction Symposium.

No estudo, foram avaliadas um total de 801 novilhas Nelore com 14 meses de idade, comparando as práticas do Criando Conexões (MCC) frente ao manejo tradicional (MATR). As novilhas foram divididas em dois grupos com base no peso corporal no início do protocolo de indução de ciclicidade. Ambos os tratamentos utilizaram o mesmo protocolo reprodutivo, e os animais permaneceram em pastagens separadas durante todo o experimento até o dia do diagnóstico de prenhez (D40).

Como resultados, foram observados os seguintes índices (REBEIS e LUENENBERG, 2023): redução na velocidade de fuga na saída do tronco de contenção após a inseminação artificial (MCC 27,5% vs. MATR 51,5%); menor frequência de coices durante o manejo no tronco no momento da inseminação (MCC 16,8% vs. MATR 20,9%); e tendência de efeito do tratamento na taxa de prenhez por IA no grupo experimental, ou seja, as técnicas de manejo de baixo estresse influenciam positivamente na taxa de prenhez (MATR 43,0% vs. MCC 47,6%). Também foi encontrada uma interação entre o tratamento e a velocidade de fuga do curral. As novilhas que saíram correndo do tronco de contenção após serem manejadas de forma racional (MCC) tiveram uma maior taxa de prenhez por IATF do que as fêmeas que saíram correndo do tronco de contenção manejadas de forma agressiva (MCC 47,6% vs. MATR 39,6%).

O agrônomo e especialista em pecuária Antony Luenenberg, que atua como coordenador de Bem-Estar Animal na MSD Saúde Animal, ressalta a necessidade de olhar com atenção para o bem-estar dos bovinos, especialmente nesse período de estação de monta. Além de reduzir perdas econômicas, ter um posicionamento melhor perante a sociedade, aumentar a conquista de novos mercados e ser um elemento-chave para a sustentabilidade, o conceito atua para reduzir os agentes estressores, que fazem com que os animais utilizem uma das quatro estratégias defensivas comportamentais básicas: fuga, imobilidade, ataque defensivo e submissão (BLANCHARD e BLANCHARD, 1988).

É necessário compreender que o medo dos animais durante a interação homem-animal desencadeia uma resposta emocional, mudando o comportamento e provocando alterações fisiológicas. Antony pontua que animais mais estressados urinam e defecam mais, ruminam menos e têm maiores índices de cortisol, que indicam desde ansiedade até pânico total. Na função reprodutiva, os efeitos do estresse são mediados e estimulados por alguns hormônios liberados durante as respostas adaptativas (RIVER e RIVEST, 1991) e que podem afetar o momento da ovulação.

Por isso, o preparo e conhecimento dos manejadores são partes imprescindíveis para resultados melhores. Não é simplesmente o curral; as práticas de manejo aplicadas e a percepção de como animal se sente, com técnicas que ganhem a confiança e reduzam o estresse, têm total impacto na reprodução e na produtividade como um todo. “Já não há como não considerar o bem-estar animal nos sistemas de produção, até mesmo para alcançarmos índices cada vez maiores de sustentabilidade. A educação continuada no setor é assunto sério e que precisa ser considerada por toda a cadeia produtiva”, afirma o especialista.

Antony ainda sinaliza que “o medo inato é de suma importância para a evolução dos animais, mas há muitas técnicas atuais que minimizam as reações negativas e de estresse dos rebanhos. O bem-estar animal é uma necessidade e não pode ser negligenciada”.

Para conhecer mais do programa Criando Conexões, basta acessar o portal. Inclusive, dado o sucesso que obteve com a pecuária, a iniciativa ganhou força e, desde o início de 2022, passou a ser multiespécie, abrangendo, além das produções de ruminantes, as cadeias de aves e suínos. A companhia busca constantemente reforçar seu compromisso em democratizar o conhecimento voltado ao bem-estar animal, pilar essencial para a construção de um novo horizonte no cuidado com os animais.

Somente em pecuária, mais de 6 milhões de animais já foram manejados pelo Criando Conexões, mais de 6 mil vaqueiros capacitados e 80 colaboradores da MSD Saúde Animal habilitados para disseminar a técnica pelo país.

Fonte: MSD Saúde Animal

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