Os preços subiram devido à menor oferta do lado vendedor e ao bom ritmo das exportações. Em setembro, até a segunda semana, a média diária exportada pelo País foi 88,0% maior em relação ao mesmo período de 2018. No acumulado do ano, os embarques cresceram 155,8% frente ao ano passado (Secex).

Segundo levantamento da Scot Consultoria, em setembro, a saca de 60 kg foi negociada, em média, por R$ 39,11, sem o frete, na região de Campinas, em São Paulo. Houve alta de 3,6%, em comparação com agosto deste ano, entretanto, o cereal está custando 3,2% menos em relação ao mesmo mês do ano passado.

Em curto e médio prazo, a expectativa é de preços firmes para o milho no mercado interno acompanhando a boa movimentação para exportação. No relatório de setembro, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) revisou para cima a estimativa de volume embarcado em 35 milhões de toneladas, frente as 34,50 milhões de toneladas estimadas anteriormente e as 23,82 milhões de toneladas exportadas em 2018.

RELATÓRIOS: CONAB E USDA

No relatório divulgado em setembro, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) revisou para cima a produção brasileira de milho na segunda safra 2018/2019. A colheita foi concluída no País e a estimativa é de que tenham sido produzidas 73,79 milhões de toneladas do cereal, um recorde. Este volume é 1,0% maior que o previsto no relatório de agosto e 36,9% acima do volume colhido na segunda safra passada, o equivalente a 19,27 milhões de toneladas a mais este ano.

Considerando a primeira e segunda safra, a produção brasileira está estimada em 99,98 milhões de toneladas na temporada que se encerrou. O volume foi o maior da história, mesmo com uma redução na oferta na primeira safra ou safra de verão.

Com relação à soja, a produção foi estimada em 115,03 milhões de toneladas em 2018/2019, 3,6% a menos que o colhido na safra anterior. Apesar do crescimento de 2,1% na área com a cultura frente à safra passada, a produtividade média foi 5,5% menor.

Os números fazem parte do décimo segundo levantamento da safra brasileira de grãos 2018/2019, o último relatório referente à safra que está se encerrando no País. No relatório de outubro, a Conab trará as primeiras expectativas com relação à safra 2019/2020, cuja semeadura tem início em meados de setembro em algumas regiões do País.

Com relação à safra norte-americana (2019/2020), o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) revisou para baixo a situação das lavouras de milho. Os norte-americanos deverão colher 350,52 milhões de toneladas do cereal em 2091/20, frente as 353,09 milhões de toneladas estimadas anteriormente e as 366,29 milhões colhidas na safra passada.

A colheita teve início nos Estados Unidos, sendo que até o final da primeira quinzena de setembro 4% da área havia sido colhida, frente a 7% na média das últimas cinco safras.

À ESPERA DAS CHUVAS, SEMEADURA DE SOJA 2019/2020 SEGUE LENTA

Com o baixo volume de chuvas registrado em setembro nas principais regiões produtoras do grão, especialmente no Brasil Central, os produtores aguardam melhores condições climáticas para avançar no plantio de soja. Apesar do término do vazio sanitário nas principais regiões produtoras, até o momento, o plantio de soja da safra 2019/2020 está lento.

Em Mato Grosso, o vazio sanitário terminou no último dia 15/9, mas, de maneira geral, os produtores aguardam a volta das chuvas para avançar com a semeadura. No mesmo período do ano anterior, cerca de 1,0% da área de plantio havia sido semeada.

Este também é o cenário de Mato Grosso do Sul e Paraná. Neste último, a liberação para o plantio ocorreu no último dia 10/9 (em Mato Grosso do Sul o vazio sanitário também terminou dia 15/9), porém apenas 20 mil hectares foram semeados no Paraná. No ciclo anterior, considerando o mesmo período, tinham sido semeadas 490 mil hectares no estado.

Assim como em Mato Grosso, o baixo volume de chuvas nos últimos dias tem sido o fator de atraso do plantio no Paraná e, devido aos atrasos previstos das chuvas, o plantio de soja deve ganhar ritmo apenas a partir do fim do mês.

Apesar disso, a menor produção da safra norte americana em 2019 é outro fator que deve colaborar com o aumento da área de plantio no Brasil no ciclo 2019/20, o que deverá resultar em maior produção brasileira de soja, a depender do clima.

Quanto ao mercado, na região de Paranaguá-PR, a saca de soja de 60 kg ficou cotada, em média, em R$ 86,12 em setembro, frente a negócios em até R$ 88,00 por saca no mês anterior. Os recuos no câmbio e o cenário mais positivo com relação a uma possível trégua na briga comercial entre os Estados Unidos e a China tiraram a sustentação dos preços em reais.


FERTILIZANTES: EXPECTATIVA DE MENOR DEMANDA NOS PRÓXIMOS MESES

Segundo a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), em abril deste ano as entregas de fertilizantes somaram 1,70 milhão de toneladas ao consumidor final no País. Estes são os últimos números divulgados pela Associação. O volume diminuiu 0,9% em relação a igual mês de 2018. Entretanto, no acumulado do primeiro quadrimestre deste ano, as entregas totalizaram 8,24 milhões de toneladas de adubos, 2,3% acima do registrado no mesmo período do ano passado.

Lembrando que no período em questão (janeiro a abril) as vendas internas são basicamente para atender aos setores de cana-de-açúcar e safra de inverno. Estes segmentos vinham mais aquecidos e com expectativas de aumento de área semeada, por exemplo, o milho de segunda safra 2018/2019.

Para os meses seguintes, ou seja, já considerando as compras para o plantio da safra 2019/2020, a expectativa é de que este ritmo tenha sido prejudicado, em função das quedas nos preços das principais commodities agrícolas (principalmente a soja, que somente a partir de julho registrou alta de preços) e piora nas relações de troca com os fertilizantes para os agricultores.
Para 2019, a expectativa da Scot Consultoria é de que as entregas totalizem entre 35,5 milhões e 36,0 milhões de toneladas, ou seja, próximo ou ligeiramente acima do registrado em 2018, quando foram entregues 35,51 milhões de toneladas de adubos ao consumidor fina. Os preços dos adubos estiveram firmes até a primeira quinzena de julho, mas recuaram na segunda metade de julho e nas duas quinzenas de agosto. Em setembro houve recuo médio de 0,3% nos preços dos fertilizantes, na comparação mensal.

Boa parte dos fertilizantes para a safra de grãos 2019/2020 já foi adquirida. Historicamente, o mês de agosto concentra as entregas ao consumidor final. Essa menor movimentação do lado da demanda comparativamente com os meses anteriores tirou a sustentação dos preços, mesmo com o dólar em um patamar firme, acima de R$ 4,10.

No caso da ureia agrícola, segundo levantamento da Scot Consultoria, a tonelada fechou setembro cotada, em média, em R$ 1.627,10 em São Paulo, sem o frete. Para os próximos meses a tendência é de queda gradual na demanda por fertilizantes no País. Essa menor movimentação poderá tirar a sustentação dos preços dos adubos em reais, em curto e médio prazo, mas é importante atentar ao câmbio (dólar) e às cotações no mercado internacional. Com isso, o cenário é favorável para a compra dos fertilizantes destinados à adubação das pastagens a partir de setembro, com as chuvas mais regulares.

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