No Oeste do Estado muitos produtores têm adotado o sistema “compost barn” de confinamento de bovinos de leite. A tecnologia promete aumento de até 30% na produtividade do rebanho. No entanto, os extensionistas do Instituto Emater alertam que os indicadores de produção de algumas propriedades são insuficientes para viabilizar o investimento. Além disso, eles lembram que a implantação do “compost barn” precisa de planejamento e boas práticas de manejo para alcançar os resultados esperados.
Para esclarecer as dúvidas dos produtores que já adotaram o “compost barn”, recentemente o Instituto Emater de Marechal Cândido Rondon promoveu uma reunião com especialistas no assunto. A atividade contou com o apoio da Unioeste e das Unidades Regionais do Instituto de Toledo e Cascavel.
Durante a reunião o médico veterinário Fernando Bracht, da B&M Consultoria, explicou que o sistema é uma modalidade de confinamento de gado leiteiro que literalmente significa “celeiro de compostagem”. Nesse modelo, os animais são mantidos em instalações construídas especialmente para este fim. O piso é coberto por uma cama de maravalha, ou serragem, que absorve a matéria orgânica (esterco e urina). Essa cama dá mais conforto aos animais e periodicamente é revolvida. Dessa forma o material é ventilado, perde umidade e temperatura, favorecendo a compostagem e assim, eliminando qualquer prejuízo para os animais.
Em sua apresentação, Bracht ressaltou a importância do planejamento do sistema e do manejo da cama. Para ele, esse cuidado é fundamental para que os custos de produção não se elevem e inviabilizem o negócio. O veterinário informou que a pesquisa comprova o aumento da eficiência dos rebanhos que têm suas exigências de bem-estar animal supridas pelo “compost barn”.
Investimento alto
Segundo informações de Murilo Rodrigues Shibata, do Instituto Emater, em Marechal Cândido Rondon e nos municípios vizinhos existem mais de trinta produtores que adotaram o sistema. “Mas a maior parte dessas propriedades tem indicadores de produção insuficientes para viabilizar o investimento, principalmente em se tratando da agricultura familiar e da estrutura fundiária presente na região”, observou o extensionista. Ele acrescentou que é comum encontrar propriedades que ainda possuem indicadores de produtividade entre 18 e 22 litros/vaca/dia. “Além disso, há problemas reprodutivos e de qualidade do leite”, salientou Shibata. Para ele, a melhoria desses indicadores, passaria pelo atendimento de uma série de pré-requisitos antes de se partir para a intensificação da criação via confinamento. “Tem sido comum alguns produtores que não adotam manejo nutricional, reprodutivo, ou mesmo que não atentam para a qualidade do leite, partirem direto para o confinamento. Nesse caso os resultados serão frustrantes”, afirmou Shibata. Ele disse ainda que o “compost barn” é indicado para propriedades cujo rebanho apresenta produtividade acima de 28 litros/vaca/dia, já que o investimento é alto. Somente com instalações o produtor pode gastar entre R$ 300 e R$ 400 mil.
Os técnicos do Instituto Emater de Marechal Cândido Rondon pretendem continuar atuando junto a todas as propriedades nas quais o produtor verifique a necessidade de melhorar seus indicadores técnicos e econômicos de produção. Esse trabalho ganha relevância no momento porque a margem de lucro dos produtores está cada vez menor. Os dados do último censo do IBGE (2017), confrontados com o anterior (2006), mostram que a região administrativa do Instituto Emater de Toledo apresentou redução de aproximadamente 37% no número de produtores, apesar da produção ter sido incrementada em 38%. Os extensionistas acreditam que, provavelmente, os ganhos foram conseguidos pelos produtores com visão mais profissional que fazem das recomendações técnicas uma rotina na propriedade. Por isso estão à disposição do pecuarista que esteja interessado em mudar os indicadores do seu rebanho.
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