Depois de 12 anos, técnicos do Senar-SP (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) acabam de participar de uma atualização sobre pecuária leiteira na Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos-SP). Eles são ligados ao ProLeite, programa que busca capacitar pequenos produtores no manejo intensivo de produção de leite a pasto para aumentar a produção e diminuir os custos da propriedade.
De segunda a quarta (17 a 19/12), 34 técnicos do Estado de São Paulo acompanharam palestras com integrantes do programa Balde Cheio, criado pela Embrapa há 20 anos para capacitar, de forma continuada, técnicos que prestam assistência a produtores de leite.
De acordo com o chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Pecuária Sudeste, André Novo, há 12 anos técnicos do proLeite estiveram no centro de pesquisa para o primeiro treinamento. Na ocasião, receberam informações básicas sobre tecnologias transferidas no Balde Cheio. Ali nasceu o ProLeite, com a participação de 54 técnicos.
“Agora eles solicitaram uma atualização, pois querem saber o que há de novo no programa da Embrapa”, disse André. Entre o conteúdo incluído nessa nova capacitação estavam a gestão ambiental das propriedades (incluindo manejo de resíduos), a análise agregada de resultados econômicos e zootécnicos, o IAT (Índice de Atualização Tecnológica), introdução à produção de leite orgânico, o uso racional da água em irrigação e a homeopatia. Na terça-feira, o grupo visitou uma propriedade que produz leite orgânico em São Carlos.
Diferente do Balde Cheio, que aposta na capacitação continuada e utiliza diferentes propriedades familiares como sala de aula prática, o ProLeite é organizado por módulos e tempo definido. Os produtores acompanham 16 módulos em 10 meses de treinamento sobre diferentes assuntos envolvendo a pecuária de leite, sempre na mesma propriedade.
De acordo com o coordenador do ProLeite, Teodoro Miranda Neto, nesses 12 anos foram promovidos 619 programas em 126 municípios do Estado de São Paulo. Segundo ele, todo o conteúdo transferido pela Embrapa foi muito interessante. Os técnicos ficaram particularmente impressionados com a palestra sobre homeopatia, conduzida pelo chefe administrativo da Unidade, Marco Aurélio Bergamaschi. “Havia muitos veterinários no grupo e alguns não acreditavam nos resultados dessa abordagem. Mas com os depoimentos que ouviram, ficaram muito curiosos”, contou Teodoro.
Outro tema que chamou a atenção foi o manejo de resíduos, um problema bastante atual nas propriedades e que vai exigir adequação por parte dos produtores. A palestra sobre gestão ambiental, feita pelo pesquisador Julio Palhares, foi bastante útil para que os técnicos possam orientar os produtores levando em consideração as exigências legais.
EVAPORÍMETRO
Junior Rosseto, um dos instrutores do treinamento, explicou aos técnicos como controlar e acompanhar a evapotranspiração da pastagem para que o sistema de irrigação utilize água de forma mais racional. “O foco foi a exigência de água correspondente à evapotranspiração”, disse.
Segundo ele, esse controle pode ser feito com um evaporímetro, um pluviômetro ou mesmo com um ferrinho de construção que mede se há umidade no solo ou não. “A ideia é passar técnicas bem simples, que o pequeno produtor possa aplicar”, afirmou Rosseto.
Ele também abordou a legislação envolvendo a outorga da água e as implicações futuras para o produtor que não se preocupar com a regulamentação. O instrutor do Balde Cheio atua em São Paulo, Pernambuco, Maranhão e na Colômbia.