A cada ano, a Fazenda Cruzeiro ganha mais notoriedade pela eficiente combinação entre a simplicidade na lida com o rebanho e as novas ideias de gestão

Por Romualdo Venâncio

O sistema de ordenha da Fa­zenda Cruzeiro, localizada na cidade de Luz, no centro-oeste mineiro, é um duplo oito que atende a 700 vacas em lacta­ção, com duas coletas ao dia, e cada uma leva cerca de seis horas. No final de setembro, foi definida sua substituição – que já deve estar em andamento – por outro com 12 con­juntos de cada lado, um ‘espinha de peixe’ que, ocupando o mesmo espaço, promete ganho em desempenho e me­lhores condições para os funcionários.

A julgar pelos benefícios, a decisão pode até parecer simples, mas exigiu dos donos da propriedade e de seus consultores análises criteriosas dos diversos números e índices relaciona­dos à gestão do negócio. Foram cerca de cinco meses de muita conversa até que tivessem a segurança necessária para aprovar a mudança. Assim tem sido a administração da fazenda, com base em uma diversidade de informa­ções, equilibrando doses adequadas de cautela e ousadia.

Para se ter ideia, nos últimos dois anos foi possível reduzir o custo de produção em R$ 0,10 por litro com aumento de escala, melhoria da pro­dutividade e mudanças na gestão de manejo. Considerando que a produção diária está em torno de 13.000 litros (média de 18,6 litros/vaca/dia), esta economia em centavos representa cerca de R$ 36.500 em um ano. É com esse tipo de empenho que a família de José Joaquim da Silva, mais conhecido como Juca Romano, tem valorizado seu patrimônio.

Filho e neto de produtores rurais, Romano começou a explorar gado de leite quando tinha apenas 18, em meados da década de 1950. “Meu pai morava em uma casinha de pau a pique e tinha 17 vacas Gir, sem padrão, que tratava em um curral de bambu”, conta Stella Maris, uma de suas filhas. Aos poucos, aquele jovem pecuarista foi ampliando seu espaço, aproveitando as oportunidades de comprar terras vi­zinhas. “Ele era visionário e audacioso, um gestor que enxergava longe e não tinha medo de investir”, ela acrescenta. Com o tempo, Romano se tornou um nome forte na seleção do Girolando em Minas Gerais.

Quando faleceu, em 2012, aos 75 anos, a família decidiu dar sequência a seu trabalho e continuar vivendo exclu­sivamente da produção de leite. Dona Nolvina, sua esposa (que é chamada de Anita), e os filhos Ronaldo, Ana Cristina, Roberto, Stella, Paulo Sérgio e Holyson dividiram entre si a gestão do negócio. “Decidimos nos unir em torno do patrimônio, avaliamos o que fazíamos melhor e agora cada um toma conta de uma área”, explica Ronaldo, o primogênito, que é responsável pela comercialização de animais.

Já Roberto cuida do plantio e da inseminação artificial, Paulo Sérgio e Holyson ficaram com o manejo do gado solteiro e a reprodução como um todo, enquanto Ana Cristina e Stella respondem pelo controle financeiro. Apenas um dos filhos, Pio Antônio, optou por seguir outro caminho distinto da pecuária.

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Leia a íntegra desta matéria na edição Balde Branco 640, de março 2018

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