Já presentes no mercado de diversos países, os produtos lácteos A2 têm tudo para serem também uma boa oportunidade para os produtores de leite brasileiros
Por João Antônio dos Santos
O consumo de leite se perde na memória do tempo de tão antigo que é esse hábito. Porém, nem todas as pessoas se dão bem com o produto em seu cardápio. Algumas apresentam intolerância à lactose. Outras, alergia a um tipo de proteína do leite, denominada beta-caseína A1. Para as primeiras, a indústria já resolveu o problema com a oferta de opções sem lactose, muito bem aceita no mercado. Para o segundo grupo, já existe produção de leite exclusivo com a beta-caseína A2, que não é alergênica e que começa ganhar os mesmos contornos no Exterior, por enquanto, transformando-se em uma ótima oportunidade para os produtores.
Gregório Miguel Ferreira de Camargo, professor do Departamento de Zootecnia da UFBA-Universidade Federal da Bahia, que participou de estudo relacionado ao leite A2, confirma que o atendimento a esse nicho de mercado vem ganhando espaço em alguns países. “Sobretudo, na Austrália, onde esses produtos foram lançados em 2003, na Nova Zelândia e na Europa. São diversas as opções de lácteos, inclusive, com fórmulas infantis”.
No Exterior, uma referência de mercado nesse tipo de produto é a empresa neozelandesa A2 Milk Company. No semestre passado, informou que seu lucro aumentou 290%, principalmente com a venda para a China de leite e fórmulas infantis fabricadas a partir da chamada fórmula A2. A boa demanda foi complementada com a exportação do produto para os Estados Unidos, onde também cresce o número de consumidores desse tipo de produto.
Camargo observa que foi a partir desse contexto do mercado internacional e de informações correntes sobre as oportunidades que representam a produção de leite A2 para os produtores brasileiros que surgiu a ideia do projeto de extensão Identificação de alelos A1 e A2 para o gene da beta-caseína na raça Gir Leiteiro.
“A pesquisa contou com a parceria da ABCGIL-Associação Brasileira dos Criadores de Gir Leiteiro. Foram genotipadas para esse estudo 385 matrizes da raça, de vários rebanhos de São Paulo e Minas Gerais. As frequências alélicas foram de 88,5% para o alelo A2 e de 11,5% para o alelo A1”, informa Camargo.
Leia a íntegra desta matéria na edição Balde Branco 629, de março 2017