Leite acidificado é alternativa na criação

Uso da técnica ressurge nos Estados Unidos, e sua aplicação no Brasil também desperta interesse, onde pesquisas buscam mais dados para as condições nacionais


Por Luiz H. Pitombo

Modificar a dieta líquida das bezerras de modo que bactérias não encontrem mais um ambiente favorável ao seu desenvolvimento no leite, no sucedâneo ou no próprio intestino do animal que a ingeriu. Isto é o que se busca com a mistura de ácidos específicos, de maneira controlada e acompanhando o pH, para que ao final o armazenamento do produto possa ocorrer sem refrigeração por longos períodos, além da possibilidade de trazer redução na ocorrência das diarreias.

Outro aspecto que tem sido valorizado, em particular no Exterior, é que o animal durante a cria, individual ou em grupo, poderá ficar com esta alimentação à vontade e com livre acesso por mais tempo sem a descontrolada proliferação de microorganismos. Sua aplicação já ocorre no Brasil em pequena escala visando ao controle de diarreias e em vários outros países por diferentes motivos, sendo que estudos têm apresentado resultados favoráveis. No entanto, eles ainda não são em grande número e existem os que indicam a necessidade de ampliação, em particular, dentro das condições brasileiras.

O aumento no interesse e uso desse tipo de dieta, no caso dos Estados Unidos, recomeçou nos últimos 10 anos, especial¬mente associado à cria em grupo de bezerras por preocupações de consumidores relacionadas ao bem-estar animal. Com este manejo, as bezerras possuem mais espaço e oportunidade de interação social, e o leite acidificado é uma opção para fornecimento à vontade por sua durabilidade, promovendo um maior crescimento dos animais. Aos produtores também interessa o menor uso de mão de obra.

O médico veterinário brasileiro Rodrigo Bicalho, professor e pesquisador da Universidade de Cornell, de Nova York-EUA, já realizou estudos com leite acidificado em propriedade comercial e têm recomendado seu uso em fazendas que enfrentam problemas entéricos na cria individual ou em grupo, defendendo sem pestanejar a maior difusão da técnica no Brasil. “Ela pode ser utilizada em qualquer condição para diminuir a incidência de diarreias, principalmente quando a alimentação é com leite não pasteurizado”, afirma.

Ele não acredita que temperaturas elevadas possam comprometer seu emprego no País e faz questão de explicar que é necessário separar no entendimento os procedimentos de acesso à vontade ao alimento em si daqueles da dieta acidificada. “Ambos são vantajosos, mas principalmente quando utilizados em conjunto”, salienta.

O produto em uso para alterar o pH do leite nas propriedades norte-americanas é o ácido fórmico que, como outros, requer cuidado em seu manuseio. Ele é liberado para este tipo de uso no Canadá, porém nos Estados Unidos não, mas o pesquisador garante que, a despeito disso, é o produto que as fazendas por lá sempre utilizaram e que testou em sua pesquisa. “O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos não está preocupado com isso e existem outras substâncias em situação similar, como o sulfato de cobre em pedilúvio”, afirma.

Leia a íntegra desta matéria na edição Balde Branco 628, de fevereiro 2017

Posts Relacionados

Caravana Giro do Leite participa da 48ª Festa do Leite de Batatais

Laboratório Móvel levará análises, orientação técnica e troca de experiências ao evento A Caravana Giro do Leite, projeto itinerante do Laboratório Móvel de Análise da Qualidade de Leite e Silagem...

Técnicas de manejo de pastagens fortalecem agricultura familiar no Pará

Dia de campo reúne agricultores de 12 municípios para promover pecuária sustentável Representantes da agricultura familiar participaram do Dia de campo em recuperação e manejo de pastagens para a agricultura...

Nova formulação de Ecegon® reforça eficiência em programas reprodutivos de bovinos

Nova formulação de Ecegon® reforça eficiência em programas reprodutivos de bovinos Para reforçar a eficiência dos programas reprodutivos em bovinos, especialmente na Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) e na...