Técnicas de manejo de pastagens fortalecem agricultura familiar no Pará

manejo de pastagens

Dia de campo reúne agricultores de 12 municípios para promover pecuária sustentável

Representantes da agricultura familiar participaram do Dia de campo em recuperação e manejo de pastagens para a agricultura familiar no nordeste paraense, que apresentou técnicas de recuperação e manejo de pastagens para 45 agricultores de 12 municípios da região. A iniciativa foi realizada nos municípios de Paragominas e Irituia, com visitas a áreas de pastagem e sistemas agroflorestais, além de apresentações sobre o gerenciamento eficiente do pasto.

O objetivo foi fornecer subsídios para a geração de renda e promover uma pecuária mais sustentável no Pará.

“Essa ação tem como objetivo promover a troca de experiências entre agricultores e agricultoras familiares que atuam com pecuária. A agricultura familiar no Pará possui um rebanho expressivo de bovinos e, do ponto de vista social, é uma atividade de grande importância na região. No entanto, enfrenta desafios como a degradação das pastagens e as mudanças climáticas. Entendemos que a melhoria das pastagens é um caminho viável para agregar valor e tornar a produção mais sustentável e justa”, destaca Graciela Froehlich, pesquisadora do IPAM e uma das organizadoras do evento.

Parcerias institucionais

A formação foi promovida pelo IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), em parceria com:

  • Seaf (Secretaria de Estado de Agricultura Familiar do Pará)

  • Fetragri (Federação dos Trabalhadores na Agricultura)

  • Ivisam (Instituto Vida em Sintropia da Amazônia)

  • Fetraf (Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura Familiar)

O evento também contou com apoio do ICS (Instituto Clima e Sociedade).

Técnicas de manejo adaptadas à realidade local

Rotação de pastagens

Durante o treinamento, foram apresentadas estratégias como a rotação de pastagens, essencial para garantir alimento de qualidade ao gado. A técnica consiste em subdividir o pasto em pequenas áreas, conduzindo o rebanho para diferentes piquetes a cada quatro dias, conforme um cronograma que favorece a produtividade mesmo em áreas reduzidas.

Esse manejo adequado assegura o tempo necessário para a rebrota do capim, aumentando seu valor nutricional e evitando a abertura de novas áreas de pastagem, ao mesmo tempo em que favorece o crescimento saudável do rebanho.

Alternativas acessíveis e sustentáveis

Os agricultores também compartilharam soluções para manter a saúde financeira das propriedades. Um exemplo foi o uso de cercas elétricas, alternativa mais acessível em regiões onde o custo do quilômetro da cerca convencional pode ultrapassar R$ 20 mil.

Além disso, foi destacado o plantio de árvores nativas, que podem servir de suporte para cercas, bem como a integração de agroflorestas às pastagens, estratégia que gera renda extra, melhora o conforto térmico dos animais e promove sombra para o gado.

“Eu venho da agricultura familiar e ver que hoje um produtor pequeno consegue, com uma estrutura simples, fazer a rotação de pasto e ter um ótimo resultado na produção, me impressionou. Com pouco investimento, consigo aplicar tudo isso na minha propriedade e enxergar até onde podemos chegar”, relata Francisca Roseane Silva da Fonseca, agricultora familiar e presidenta do Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR) de Santa Maria do Pará.

Qualidade de vida e sustentabilidade no campo

Os participantes puderam conhecer, na prática, as técnicas discutidas, conversando com agricultores que já as aplicam, como Vicente Cirino, fundador do Ivisam, que implementou um sistema integrado de agrofloresta e pecuária em sua propriedade. Lá, também ministra cursos e oficinas de capacitação voltadas à agricultura familiar.

“Esse trabalho é importante porque fornece o conhecimento necessário para que o cidadão do campo não precise vender seu lote e ir para a cidade enfrentar dificuldades. A gente trabalha com a ideia de que é possível ter uma vida digna, feliz e confortável no campo, produzindo muito em pouco espaço, respeitando a natureza e sem abrir grandes áreas que acabam ficando subutilizadas”, afirma Cirino.

Contexto da pecuária paraense e desafios

O Pará abriga mais de 24 milhões de bovinos. A crescente demanda por pastagens, muitas vezes utilizadas com baixa eficiência, tem impulsionado o desmatamento no estado, que lidera os rankings nacionais de derrubadas e queimadas. Segundo dados da Seaf, cerca de 11 milhões de cabeças de gado estão em áreas com algum tipo de irregularidade ambiental.

Nesse contexto, investir na sustentabilidade da agricultura familiar é fundamental, especialmente considerando que 60% dos pecuaristas do Pará pertencem a esse segmento. Com assistência técnica e capacitação, esses produtores têm potencial para adotar práticas mais sustentáveis, aumentar sua renda e acessar mercados diferenciados e mais valorizados.

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