A forma correta de se suplementar os animais, é fazendo uso de formulações específicas para cada espécie animal, bem como também categoria animal
Por Marco Finardi – médico veterinário da Matsuda
Mesmo estando no período chuvoso, onde tem-se melhor qualidade nutricional das forragens, bem como maior abundância, é sim, extremamente importante que se faça o fornecimento de suplementos minerais para bovinos, uma vez que neste período do ano, por termos alimentos volumosos com melhor qualidade, temos também a maior capacidade de ingestão de alimento pelos animais, o que leva a um metabolismo mais acelerado, que então acaba por demandar mais elementos minerais. É exatamente nesta fase do ano, onde pela falta de suplementação mineral, podem ocorrer quadros de deficiência mineral. Devemos lembrar que os minerais são importantes para diversas funções orgânicas nos animais, que vão desde a formação óssea, metabolismo proteico e energético, atividade imunológica e reprodutiva, formação de vitaminas, dentre outras. Ainda, os minerais são elementos inorgânicos, ou seja, nenhum ser vivo consegue sintetizá-los. Desta forma, sempre haverá a necessidade de os animais receberem minerais. O ideal, seria que a pastagem fosse um alimento completo, que conseguisse fornecer todos os nutrientes em quantidades que atendam a necessidade dos animais, mas sabemos que isso não ocorre, sendo que os minerais são um dos nutrientes que as forragens não conseguem atender 100% das exigências. Ainda, devemos lembrar, que quando buscamos explorar um maior potencial de produção, ou seja, fazer com que os animais produzam o máximo do seu potencial genético, aumentamos ainda mais os requerimentos nutricionais dos animais, sendo que dentre eles, encontram-se os minerais.
A qualidade nutricional da forragem oscila conforme a época do ano, sendo que temos uma melhor qualidade no período de águas, que decresce já no final do período chuvoso, passando pelo período de transição águas/seca e então tem seu declínio ainda maior durante o período de seca, momento em que temos uma diminuição drástica na qualidade nutricional da forragem. Pode haver uma diminuição de até 80% nos níveis de minerais de uma forragem, quando comparamos esta forragem entre o período de águas e seca. Desta forma, a suplementação mineral, se faz necessária durante o ano todo.
A suplementação realizada no período de águas e transição águas/seca, vai ser importante para que tenhamos o atendimento das necessidades minerais nestas fases, mas para que tenhamos produtividade ainda durante o período de seca, será necessário que continuemos a fornecer minerais a estes animais nesta fase do ano, lembrando ainda, que no período de seca, existe outro fator limitante, que é o nível de proteína (nitrogênio) mas forragens, que decrescem a níveis insuficientes para atender o mínimo necessário para o funcionamento basal do rúmen, o que leva a uma diminuição da população microbiana ruminal, maior tempo para a degradação do alimento, menor ingestão de alimento e consequentemente perda de produtividade. Desta forma, durante o período de seca, faz-se necessário que utilizemos suplementação mineral proteica, para que possamos reequilibrar os níveis destes nutrientes para que ao menos os animais não percam condição corporal. Mas, devemos lembrar, que há como continuarmos a apresentar bons resultados produtivos no período de seca.
A correta suplementação mineral auxiliará na produtividade, mas devemos lembrar, que o que leva a alta produção é o atendimento de todas as necessidades nutricionais, ou seja, além dos minerais, o fornecimento do nível adequado de forragem, quantidades corretas de proteína, energia, água, vitaminas também se fazem necessários para que possamos alcançar alta produção. Isso vale tanto para a produção de carne ou leite. Um exemplo bem simples da importância da suplementação mineral para a produção, é atrelado ao sistema imunológico, onde quando temos animais bem nutridos, que recebem a carga ideal de minerais na dieta e tem uma dieta bem balanceada, são animais que apresentam um sistema imunológico que protege este organismo contra patógenos que o animal acaba tendo contato diariamente e desta forma, os animais não adoecem. Agora, quando temos uma dieta desbalanceada, que não contempla níveis de minerais adequados, bem como os outros nutrientes, temos animais com um sistema imunológico que não realiza a sua função de forma adequada, onde os animais adoecem com maior frequência, e desta forma, há a necessidade do uso de medicamentos para o controle destas patologias. O aumento na incidência de doenças, acaba por aumentar o custo de produção e a perda de produtividade, o que onera ainda mais o sistema produtivo, sem contar o risco de morte aos animais. Desta forma, o correto planejamento nutricional, com a utilização de formulações minerais adequadas, é um investimento que deve ser realizado na propriedade que aumenta a produtividade dos animais a um custo extremamente baixo.
A forma correta de se suplementar os animais, é fazendo uso de formulações específicas para cada espécie animal, bem como também categoria animal. Existem no mercado, diversos tipos de suplementos minerais, sendo estes os suplementos minerais, também conhecidos como linha branca, que só fornecem minerais, suplementos minerais proteico energéticos, que como o próprio nome diz, fornece minerais e fontes de proteína e energia, suplementos minerais proteicos, que são aqueles que fornecem minerais e proteína, núcleos minerais, que são formulações para serem utilizadas na produção de concentrado, além de formulações para misturar, que são formulações para serem diluídas ao sal branco.
Cada formulação e tipo de suplemento apresenta uma característica própria, para determinado período do ano, ou categoria animal, sendo que o fator mais importante é a aquisição pelo produtor, de formulações específicas para cada categoria animal e época do ano, além sempre de seguir as recomendações de rótulo para utilização do produto, como adaptação dos animais, metragem de cocho correta, fornecimento frequente e constante, além da aferição de consumo, pois somente com os animais consumindo a quantidade recomendada pelo fabricante é que se conseguirá realmente suprir as necessidades dos animais e desta forma ter alta produtividade.
Ainda existe o mito de que sal mineral é tudo igual e que o fósforo é o mineral mais importante. Quando pensamos no fósforo, realmente ele é um dos minerais extremamente importantes para o correto funcionamento do organismo e produção, mas não é o único. Assim como, este mito de que todo sal mineral é igual. Essa afirmação é inverídica, uma vez que podem haver diversas diferenças entre formulações. Primeiramente relacionada a concentração de minerais contida nestas formulações. Em muitos casos, os produtores somente se preocupam com o mineral fósforo. Podemos comparar entre formulações para verificar a sua similaridade, a concentração de fósforo, mas é importante que também avaliemos os outros elementos minerais, principalmente microminerais, uma vez que estes minerais traços, exigidos em pequenas quantidades também são fundamentais para o correto funcionamento do organismo. Por exemplo, são fundamentais para o correto funcionamento do sistema reprodutivo e imunológico, sendo que a falta destes microminerais no organismo podem prejudicar a eficiência do sistema imunológico, possibilitando uma debilidade imunológica e consequentemente o surgimento de doenças nos animais. Em relação a reprodução, a falta de minerais, pode ocasionar uma perda de eficiência e consequentemente, diminuição da produtividade.
Além de verificar os níveis de minerais contidos em uma formulação, é preciso também que o produtor verifique qual é o consumo recomendado, pois de nada adianta haver bons níveis de minerais se o consumo for extremamente baixo. Um exemplo que podemos dar é de uma formulação contendo por kg de mistura, 90 g de fósforo. Se o animal consumir 80 g desta mistura, este animal estará recebendo 7,2 g de fósforo. Agora, se houver uma formulação contendo por kg de mistura, 70 g de fósforo, mas o consumo sendo de 120 g da mistura, este mesmo animal estará recebendo 8,4 g de fósforo, ou seja, 16% a mais de fósforo estará sendo fornecido ao animal através de uma formulação que por kg, apresenta uma concentração menor deste mineral. Desta forma, somente se consegue verificar qual é o produto que melhor atende as exigências dos animais, quando além da composição nutricional do produto, tem-se também o consumo recomendado.
Outro ponto importante de ser avaliado em uma formulação, são as matérias primas empregadas na produção deste produto. Existem diversas fontes de um mesmo elemento mineral, mas existem diferenças entre estas fontes. Podemos citar por exemplo a biodisponibilidade entre estas fontes. Existem fontes com alta biodisponibilidade e fontes com baixa biodisponibilidade, ou seja, fontes de minerais que apresentarão alta absorção pelos animais e fontes que apresentarão baixa absorção pelos animais. O que queremos é sempre alta absorção dos minerais ingeridos pelos animais. Desta forma, é importante que o produtor verifique na composição dos produtos, qual são as fontes de minerais utilizadas, como por exemplo, o uso do fosfato bicálcico como fonte de fósforo, sendo esta fonte a melhor para a nutrição animal, além do uso de sulfatos ao invés de óxidos principalmente como fontes de microminerais, por apresentarem alta biodisponibilidade e baixos níveis de contaminantes.
É sempre importante, que o produtor procure por empresas idôneas, estabelecidas no mercado e que possam ser auxiliados pelo corpo técnico para que possa esclarecer dúvidas e auxiliar na escolha de qual a melhor formulação a ser utilizada para determinada espécie, categoria animal e época do ano.
O Departamento Técnico da Matsuda está em todo o Brasil a disposição dos amigos produtores para auxiliá-los no desenvolvimento de estratégias nutricionais que possam ser adotadas nas propriedades, sempre buscando-se o aumento da produtividade com a melhor rentabilidade possível.
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