A pecuária de leite está presente nos seis diferentes biomas que se espalham pelo País. Na região da Mata Atlântica estão os maiores índices, tendo Ponta Grossa-PR como a principal referência, com produtividade média de 6.131 litros/vaca/ano

O Brasil possui uma área de 8,5 milhões de km2 com seis diferentes biomas: Floresta Amazônica, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal e Pampa, como se observa na figura 1. Em todos eles existem estabelecimentos rurais com produção de leite, uma atividade que em 2014 representou para o País um total de 35,2 bilhões de litros, com um rebanho de vacas ordenhadas de 23 milhões de cabeças.

616-rosangela-figura1Na região da Mata Atlântica foi produzida mais da metade do leite brasileiro, 54% da produção nacional. Este bioma abrigou 45% do rebanho produtivo e ocupa 13% do território, como pode ser observado na figura 2. A vegetação nativa foi sendo substituída, ao longo dos anos, por pastagens, que são a base da alimentação na maioria dos sistemas de produção de leite deste bioma, restando hoje apenas 7% da vegetação original.

Na tabela 1 está a produção de leite e a produtividade do rebanho nos diversos biomas. Observa-se que, nos últimos 10 anos, a Mata atlântica apresentou o maior crescimento da atividade leiteira, 63,5%, comparando-se os volumes produzidos em 2004 e 2014.

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Entre as microrregiões que fazem parte da Mata Atlântica, as 10 com maior volume de leite foram Chapecó, São Miguel do Oeste e Concórdia em Santa Catarina; Passo Fundo e Três Passos, no Rio Grande do Sul, e Francisco Beltrão, Toledo, Ponta Grossa, Cascavel e Pato Branco, no Paraná. Estas microrregiões produziram 4,8 bilhões de litros de leite, com média de produtividade animal de 3.727 litros/vaca/ano.

As microrregiões destacadas no mapa da figura 3 produzem entre 33% e 66% do leite de cada bioma. Na Mata Atlântica, as microrregiões que mais produzem estão localizadas em duas grandes regiões, sendo que uma delas agrega o noroeste do Rio Grande do Sul, o oeste de Santa Catarina e o sudoeste do Paraná, e a outra é formada pelo sul de Minas, Zona da Mata e microrregiões de São Paulo e Rio de Janeiro, que fazem divisa com Minas Gerais.

616-rosangela-figura3Já o Cerrado ocupa 24% das áreas brasileiras e foi responsável por 10,4 bilhões de litros, 31% do volume total do País. No período de 2004 a 2014 cresceu 39,5% em volume. Seu clima é marcante, apresentando duas estações bem definidas: seca e das chuvas. A vegetação original praticamente não existe mais, cedeu lugar para as culturas de soja e milho e para as pastagens. As microrregiões com maior volume de leite são Patos de Minas, Patrocínio, Araxá, Uberlândia, Paracatu, Curvelo, Frutal e Passos, em Minas Gerais; Meia Ponte e Sudoeste de Goiás, em Goiás. Estas dez microrregiões produziram, juntas, 4,2 bilhões de litros de leite, com produtividade média de 1.919 litros/vaca/ano.

Variabilidade dos sistemas de produção
A Caatinga, localizada na região Nordeste, produziu 2,5 bilhões de litros de leite, ocupa 10% da área e é caracterizada pela vegetação rala do Semiárido, sujeita a períodos de seca intensos. Grande parte do sertão nordestino sofre alto risco de desertificação devido à degradação da cobertura vegetal, das condições do solo e das secas prolongadas.

As áreas localizadas mais próximas do litoral são chamadas de agreste. Nesta região ocorre maior incidência de chuvas e é onde estão as microrregiões mais produtivas, como é o caso do Vale do Ipanema e Garanhuns, em Pernambuco; Palmeira dos Índios, Batalha, Arapiraca e Santana do Ipanema, em Alagoas, e Sergipana do Sertão de São Francisco, no Sergipe. Outra região que se destaca nesse ecossistema é no leste do Ceará, nas microrregiões próximas de Serra do Pereiro.

A Floresta Amazônica abrange 49% do território nacional, produz 7% do leite brasileiro e tem 10% do rebanho das vacas ordenhadas. Localizada na região Norte, é considerada a maior floresta tropical do mundo, com clima quente e úmido. O leite produzido neste bioma tem origem principalmente nas microrregiões de Ji-Paraná, Cacoal, Porto Velho e Ariquemes, em Rondônia; Imperatriz, no Maranhão; Colíder e Jauru, no Mato Grosso, e Redenção, no Pará. Juntas, produzem 1,2 bilhão de litros de leite. A produtividade animal média é muito baixa, e em apenas 20 microrregiões o índice foi superior a 1.000 litros de leite por vaca/ano. As microrregiões de Belém e Alto Paraguai, no Mato Grosso, chegaram a 1.460 litros/ano por vaca ordenhada.

O Pampa, formado por 15 microrregiões, ocupa 63% do território do Estado do Rio Grande do Sul e se caracteriza por terrenos planos das planícies e dos planaltos. A produção de leite de 479 milhões de litros em 2014 teve lugar principalmente nas microrregiões gaúchas de Santo Ângelo e Pelotas. Este bioma apresenta a maior média de produtividade por animal, de 2.244 litros/vaca/ano.

As três microrregiões que compõem o Pantanal, que são o Alto Pantanal, no Mato Grosso, e Aquidauana e Baixo Pantanal, no Mato Grosso do Sul, produziram 48 milhões de litros de leite em 2014. A atividade leiteira é desenvolvida de forma extensiva, com predominância de rebanhos de duplo-propósito (carne e leite), cuja média de produtividade animal é de 894 litros/vaca/ano.

A grande variabilidade dos sistemas de produção de leite no Brasil acompanha a diversificação do território, porém algumas características devem ser perseguidas e servir de exemplo, como é o caso da produtividade animal média da microrregião de Ponta Grossa, de 6.131 litros/vaca/ano, na Mata Atlântica; de Patrocínio, com 2.856 litros, no Cerrado; de Palmeira dos Índios, com 2.959 litros, na Caatinga; de Belém ou Alto Paraguai, com 1.460 litros, na Floresta Amazônica; de Pelotas, com 2.779 litros, no Pampa, ou ainda do Alto Pantanal, com 1.109 litros, no Pantanal.

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