O especialista da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), Adriano Guimarães, destaca uma série de recomendações sobre o cuidado do pasto nessa fase
O retorno do período chuvoso é bastante aguardado por pecuaristas e agricultores. No campo, essa fase é muito comemorada, contudo, alguns cuidados devem ser tomados. Na pecuária, por exemplo, o produtor deve seguir um planejamento criterioso para a recondução das vacas aos piquetes.
O pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) Adriano Guimarães ressalta que 2024 teve um período de seca desafiador em muitas localidades. “O déficit hídrico prolongado, aliado às altas temperaturas, tem favorecido, consideravelmente, a queda da produção e qualidade das pastagens. Atualmente, os pastos se encontram muito secos, o que influencia o consumo de forragem e, consequentemente, o desempenho animal”.
De acordo com o Adriano, “o pasto deve ter sua estrutura adequada para que possa iniciar um novo ciclo de pastejo bem-sucedido como se espera: forragem tenra, abundante e de elevada qualidade nutricional”. E isso requer cuidados e atenção no que se refere à fisiologia das plantas e às peculiaridades de cada espécie forrageira.
“Capins do gênero Panicum, normalmente de maior altura e hábito de crescimento cespitoso, não toleram erros grosseiros de manejo, já que podem passar do ponto de pastejo mais facilmente em comparação a algumas espécies de capins (ex.:braquiárias), acumulando hastes (talos) e material morto, com possibilidade de acamamento”, explica.
“Essa alteração na composição morfológica do pasto, ou seja, mudança significativa na proporção folha/haste e acúmulo de material morto no dossel, influencia a apreensão e colheita do pasto pelo bovino com reflexos significativos na ingestão de forragem. Em linhas gerais, têm-se que os animais herbívoros, bovinos no caso, preferem folhas a hastes e podem alterar o tempo de pastejo e/ ou a taxa de bocado como recurso compensatório para melhorar a apreensão e consumo de forragem em pastos com estrutura comprometida (muito altos ou muito baixos), até um certo limite”, acrescenta.
A seguir, algumas recomendações listadas pelo pesquisador.
Para quem trabalha com pastejo intensivo, duas situações merecem destaque:
1) Piquetes subpastejados, com bastante macega e a área bastante desuniforme, há necessidade de rebaixamento desse pasto, o que poderá ser feito por roçada mecânica ou pelo estímulo ao pastejo por incremento da carga animal ou taxa de lotação. Com o intuito de estimular o consumo do pasto passado; recomenda-se o fornecimento de suplementos proteicos no cocho;
2) Nos piquetes que estão superpastejados, isto é, rebaixados e com pouca macega, o importante é postergar a entrada dos animais nessas áreas, aguardando a recuperação das forrageiras. Caso contrário, as reservas energéticas das plantas irão exaurir prejudicando o rebrote, o que poderá atrasar todo o ciclo de pastejo ou mesmo contribuir para a degradação desse(s) pasto(s).
Tecnicamente, o restabelecimento de uma pastagem depende, além de fatores edofoclimáticos (temperatura, luminosidade, umidade, fertilidade do solo, etc.), de um adequado índice de área foliar remanescente, o aparato fotossintético da planta forrageira. Pastos rapados demoram mais a se recuperar. Logo, recomenda-se avaliar a adoção de práticas de correção do solo e adubações racionais para reversão das condições de baixa oferta de forragem.
Adequar a estrutura do pasto e, posteriormente, realizar um manejo ajustado do pastejo que busca equilibrar oferta de forragem e taxa de lotação adequada sem transgredir demasiadamente a capacidade suporte da pastagem, é a chave do sucesso para ciclos de pastejo prósperos. Um pasto pulmão, ou seja, um pasto extra para o remanejamento dos animais do sistema rotacionado, torna-se uma estratégia interessante, finaliza Adriano Guimarães.
Fonte: EPAMIG