Critérios no manejo do rebanho e das pastagens em fazendas leiteiras podem sequestrar mais carbono do que emitir, diminuindo a emissão de gases de efeito estufa
Por Rubens Neiva
O balanço de carbono em sistemas brasileiros de produção de leite pode ser positivo. Isso é o que afirmam pesquisadores vinculados ao Projeto Pecus-Rúmen Gases, coordenado pela Embrapa. As pesquisas revelam que, adotando-se práticas sustentáveis no manejo do rebanho e das pastagens, as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) são menores se compa¬radas ao carbono que é ‘sequestrado’ pela atividade.
Segundo os pesquisadores, isso se deve ao sistema de alimentação dos rebanhos brasileiros, baseado principalmente no pasto. “Em uma fazenda bem manejada, a quantidade de carbono que as vacas liberam na forma de metano para a atmosfera é compensada pelo carbono que as pastagens e outras culturas vegetais têm capacidade de absorver”, sustenta Luiz Gustavo Pereira, pesquisador da Embrapa Gado de Leite.
Salienta ainda que tal fato contribui para desmistificar o papel da pecuária, tida como a vilã no processo de aumento das temperaturas globais. “Dependendo da forma como é conduzida, a atividade pecuária pode até mesmo ser vista como prestadora de um importante serviço ambiental para o Planeta”, avalia Pereira.
Os estudos também sugerem que as metodologias de estimativa de emissão de GEE indicadas pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC) não correspondem plenamente à realidade nacional. Em alguns casos, a metodologia utilizada superestima as emissões de GEE da bovinocultura. Isso ocorre porque os números do Painel são absolutos, não levando em conta as características de cada país. O próprio IPCC sugere que sejam feitos estudos regionais sobre o problema.
Para dar maior precisão aos índices, os pesquisadores do Pecus-Rúmen Gases mediram a emissão de GEE em fazendas leiteiras de Minas Gerais. Os resultados obtidos indicam que a metodologia do IPCC só se adequa a duas categorias de animais no Brasil: vacas de baixa produção e novilhas de 350 a 400 kg. No caso de novilhas de até 200 kg e de vacas de média e alta produção, os índices do Painel estão acima das reais emissões ocorridas na pecuária de leite do País.
Leia a íntegra desta matéria na edição Balde Branco 624, de outubro 2016