Preço do leite preocupa produtores e Gadolando cobra medidas urgentes para conter crise
A forte queda no preço do leite tem gerado preocupação entre produtores e entidades representativas do setor no Rio Grande do Sul. A Associação dos Criadores de Gado Holandês do Estado (Gadolando) voltou a alertar para a gravidade da situação enfrentada por milhares de famílias que dependem da atividade e cobra medidas imediatas do governo para evitar o colapso da cadeia produtiva.
Segundo o presidente da entidade, Marcos Tang, o problema é resultado direto da falta de controle sobre as importações e da ausência de políticas públicas de proteção ao produtor nacional. “Está mais do que na hora de agir. A Gadolando vem alertando há anos sobre o risco de colapso no setor. Há três anos expusemos uma faixa de luto dizendo que estavam matando o produtor de leite. Não queríamos ser profetas, mas a conta chegou”, afirma Tang.
Importações descontroladas e competição desleal
O dirigente explica que o principal fator de desequilíbrio no preço do leite é a entrada descontrolada de produtos importados, especialmente o leite em pó, utilizado pela indústria para fabricação de derivados. “As importações desenfreadas causam prejuízos enormes ao produtor local. O leite em pó que chega de fora cria uma competição desleal com o produto nacional. É preciso um freio urgente para isso”, destaca.
De acordo com a Gadolando, o impacto é sentido em toda a cadeia produtiva — desde o pequeno produtor até as cooperativas e indústrias regionais. Com o custo de produção elevado e o preço pago ao produtor em queda, muitos estão abandonando a atividade, comprometendo o abastecimento interno e a sustentabilidade econômica do campo.
Tang lembra que a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e outras entidades vêm buscando soluções, mas os avanços ainda são tímidos. “É necessária uma vontade política real de olhar para o setor com atenção. Estamos vendo produtores deixando o campo, e isso tem um custo social e econômico altíssimo para o país”, alerta.
Produtores tecnificados também enfrentam dificuldades
Mesmo os produtores mais estruturados, com investimento em genética, tecnologia e manejo eficiente, têm sentido os efeitos da crise. “As contas estão aí e precisam ser pagas. O produtor está assustado e precisa de alternativas. Defendemos medidas como o controle imediato das importações e, em caráter emergencial, a compra de leite pelo governo”, reforça Tang.
A entidade destaca que o preço do leite abaixo dos custos de produção ameaça a continuidade de sistemas produtivos eficientes, o que compromete o futuro da atividade. O cenário é ainda mais crítico no Rio Grande do Sul, onde os últimos cinco anos foram marcados por perdas causadas por eventos climáticos severos, como estiagens e enchentes, que reduziram a capacidade produtiva das fazendas.
Três frentes para recuperação do setor leiteiro
Para o presidente da Gadolando, a recuperação do setor passa pela adoção de medidas articuladas em três eixos principais. O primeiro é a regulamentação, com ações rápidas para disciplinar as importações e criar mecanismos de apoio ao produtor, incluindo programas de compra de leite por parte do governo federal.
A segunda frente é o incentivo ao consumo, por meio de campanhas de valorização do leite e seus derivados. “Há espaço para crescer, já que a Organização Mundial da Saúde recomenda cerca de 200 litros per capita por ano, enquanto o Brasil consome entre 160 e 170”, ressalta Tang.
O terceiro eixo envolve o estímulo às exportações, uma estratégia de médio e longo prazo que pode contribuir para equilibrar a cadeia produtiva e abrir novos mercados para o leite brasileiro.
Ações integradas para evitar o colapso da atividade
Marcos Tang reforça que as três frentes — regulamentação, aumento do consumo e exportações — são fundamentais para conter a crise e garantir o futuro da pecuária leiteira nacional. “É um esforço conjunto entre produtores, indústria, comércio e poder público. O que está em jogo é a sobrevivência de milhares de famílias e a manutenção de uma das cadeias mais importantes do agronegócio brasileiro”, afirma.
No Rio Grande do Sul, o impacto do baixo preço do leite é ainda mais grave devido às perdas sucessivas causadas por condições climáticas adversas. A Gadolando segue cobrando medidas emergenciais e políticas de longo prazo que assegurem renda ao produtor e estabilidade à cadeia leiteira, considerada estratégica para a economia e a segurança alimentar do país.
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