A recuperação na captação de leite no semestre anterior, não compensou os recuos antes observados. Com isso, fechou o ano com menos leite que 2015

O IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgou, no último dia 15 de março, os dados da captação brasileira de leite para o quarto trimestre de 2016. O volume captado no período foi de 6,24 bilhões de litros, 0,8% menor que o mesmo trimestre de 2015. No acumulado de janeiro a dezembro, a captação de leite pela indústria totalizou cerca de 23,2 bilhões de litros, 918 milhões de litros a menos do que 2015. (-3,7%).

Esta recuperação da produção a partir do segundo semestre de 2016 e, mais fortemente, no último trimestre do ano, retrata claramente o que foi o ano de 2016: um início bastante ruim ao produtor de leite, com evolução positiva, principalmente em função de fortes subidas nos preços pagos e a redução dos valores ao final do ano, atingindo margens médias ao produtor de leite que, apesar dos altos e baixos, foram melhores do que 2015 e dentro do histórico médio de anos anteriores.

“É importante verificar esta tendência da produção no último trimestre, que sinaliza um cenário de recuperação para 2017”, indica Valter Galan, do MilkPoint Mercado. Este é o segundo ano consecutivo de queda na produção, de acordo com o IBGE, algo inédito desde o início da série histórica, em 1997.

Quando comparada a variação dos dados trimestrais obtidos em 2016 e 2015, observa-se uma forte queda na captação nos dois primeiros trimestres do ano, em comparação ao ano anterior, seguida por uma importante reação no segundo semestre, terminando 2016 ainda com variações negativas, porém mais brandas.

Em termos regionais, observou-se também quedas na captação de leite anual em quase todas as regiões do Brasil, sendo a maior variação negativa vista no Centro-Oeste (-7,1%), seguido por Nordeste (-5,9%), Sudeste (-4,1%) e Sul (-2,7%). A única região que apresentou alta em 2016 foi a região Norte (+4,0%).

Segundo análise do portal Milkpoint Mercado, os dados de captação anual dos principais estados produtores de leite também apontaram quedas no ano de 2016, em comparação com 2015. Dentre os estados analisados, apenas Santa Catarina apresentou alta no período (+4,0%), lembrando que esses dados refletem a produção processada nos estados e não necessariamente produzida. A maior queda foi sentida pelo Rio Grande do Sul (-6,8%), seguido por Goiás (-5,9%), Minas Gerais (-5,3%), Paraná (-3,1%) e São Paulo (-2,0%).

Também a disponibilidade per capita de leite (Produção+Importações–Exportações/População) foi bastante diferente nos dois semestres de 2016. No primeiro, o volume per capita disponível foi 3,7% menor que em 2015, o que ajuda a explicar a forte subida de preços verificada no mercado. Já no segundo semestre, a disponibilidade em 2016 cresceu 2,8% em relação a 2015, “puxada” por esta recuperação da produção indicada pelos dados do IBGE e também pelo forte aumento das importações de leite. Diante deste cenário, a disponibilidade de leite anual caiu apenas 0,4% em 2016.

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