Há uma relação direta entre leite com qualidade e ordenhadeira mecânica. Para isso, o produtor precisa estar atento

Durante a Expointer, em Esteio-RS, o Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Rio Grande do Sul promoveu, no dia 1º de setembro, o I Encontro Técnico Sobre Qualidade do Leite e Ordenha Mecânica. O evento, foi promovido pela Ciepel-Comissão das Indústrias Fabricantes de Equipamentos para a Pecuária do Leite.

Um dos convidados, Newton Pohl Ribas, médico-veterinário e professor da Universidade Federal do Paraná, abordou as principais dificuldades de implementar tecnologias para gerir a qualidade do leite. Entre os entraves, citou a burocracia para criar uma legislação específica garantindo a fiscalização da qualidade microbiológica, condições de higiene, tempo de prateleira, entre outras normativas já implementadas na produção Internacional.

“Com a falta de legislação, os laudos de qualidade do leite mostram que os produtores entregam leite com baixa lactose e altas taxas bacterianas, causando danos à saúde’, disse. Segundo o professor, o Brasil tem condições favoráveis de clima para produção de leite de qualidade. “É indispensável criar uma normativa limitando a contagem bacteriana para melhorar os índices de perda na produção láctea do país”, destacou.

O prejuízo não atinge apenas o consumidor, mas também o produtor que perde na qualidade do produto nacional e vê a importação de laticínios crescer, segundo ele. ‘Com o aumento da importação, o produtor nacional tem perdas não apenas na quantidade do leite pela falta de fiscalização, como também a queda do preço de mercado”.

Dificuldades do setor – Os pequenos produtores de leite, que geram volume de até 150 litros de leite por dia, acabaram abandonando a atividade por falta de rentabilidade. Segundo dados da Emater/RS, nos últimos dois anos, 54% que abandonaram a atividade possuíam baixa produção diária.

Nesse contexto, a ordenha mecânica é uma alternativa que agiliza e auxilia o pecuarista a se manter dentro do mercado. A qualidade do leite, porém, pode ser atingida tanto pela ordenha manual quanto pela mecanizada, necessitando fiscalização específica das bacias de leite para garantir um produto final de qualidade.

Para o representante da Emater, Giancarlo Fernandes Rubin, é importante que se crie uma política pública que mantenha os pequenos produtores no mercado agrícola para não aumentar o valor de mercado do produto. “O gado leiteiro do produtor que abandona a cadeia produtiva não chegará no grande produtor e o crescimento da demanda vai gerar o aumento do preço final dos laticínios”, alertou em sua palestra.

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