Destaque como produto processado a partir de boas práticas em agricultura familiar, queijo catarinense recebe prêmio pela qualidade
O Queijo Artesanal Serrano (QAS) foi premiado no II Concurso de Buenas Prácticas en Agricultura Familiar, realizado pela Reunião Especializada da Agricultura Familiar do Mercosul REAF) e o Programa Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola da Organização das Nações Unidas (FIDA). O produto, típico do planalto serrano catarinense, foi o primeiro colocado na categoria Associativismo para Crescer, numa disputa com outras 23 experiências.
A iniciativa foi inscrita no concurso pela extensionista social da Epagri em Lages-SC, Andréia de F. Meira Batista Schlickmann, que se disse surpresa com a premiação. “Inscrevi pela necessidade de um representante, mas os méritos e reconhecimento são para uma equipe dedicada que dia a dia vem contribuindo para um processo inovador e ousado de desenvolvimento rural”, analisa. “O sucesso dessa experiência é o empoderamento dos produtores que participam, debatem, defendem o queijo artesanal como patrimônio da cultura e identidade do povo serrano. O trabalho existe porque é uma construção de rede, que precisa ser constantemente fortalecida”, avalia a extensionista.
Essa não é a primeira vez que o QAS é premiado. “Vale ressaltar que, no ano passado, no II Prêmio Queijo Brasil, o único queijo tradicional que obteve medalha de ouro foi um queijo artesanal serrano aqui de Santa Catarina, superando os famosos queijos de Minas Gerais, como o Canastra”, lembra Ulisses de Arruda Córdova, pesquisador da Epagri em Lages e um dos responsáveis pelo processo de obtenção da Indicação Geográfica para o produto. “Claro que esses resultados e reconhecimentos externos também são frutos de uma bem estruturada engenharia de parcerias, que envolve produtores e diversas instituições”, destaca Ulisses.
O queijo serrano faz parte da tradição, da alimentação e da renda das famílias da Serra Catarinense e dos Campos de Cima da Serra do Rio Grande do Sul desde 1700. É um pedaço da história que reúne características únicas, como o “saber-fazer” que cruzou o Atlântico com os portugueses, o clima frio dos campos de araucárias e o leite das vacas de corte alimentadas com pastagem nativa.
No ano passado foi aprovada, na Assembleia Legislativa de SC, lei que regulamenta a comercialização do produto no território catarinense. A Epagri espera que ainda nesse ano esteja encerrado o processo de obtenção da IG do queijo serrano, que vai reconhecer como únicas suas características típicas da região.