Seguro pecuário, este desconhecido

Poucos produtores de leite contratam apólices para proteger seus rebanhos. O motivo vai desde a pouca divulgação do produto até verbas escassas para subvenção ao prêmio

Tânia Polgrimas

 

O principal obstáculo para que o seguro rural pecuário deslanche no País é a falta de conhecimento do produto por parte do maior interessado: o pecuarista, apontam especialistas e participantes do mercado ouvidos pela Balde Branco. Outro fator é a verba restrita que o governo federal destina para subsidiar o valor do seguro na hora da contratação da apólice. Para a safra 2018/2019, por exemplo, dos R$ 370 milhões ofertados pelo Ministério da Agricultura para a subvenção ao prêmio do seguro rural, apenas R$ 1 milhão foram alocados para a pecuária, tanto de leite quanto de corte.

A questão, porém, tem merecido atenção do governo federal. Para o ano-safra 2019/2020, o valor destinado à subvenção do seguro rural vai mais do que dobrar, alcançando o recorde de R$ 1 bilhão. A parcela reservada à pecuária ainda não está definida, o que deverá ocorrer só no fim deste ano. Entretanto, historicamente, o setor de bovinos mal resvala nesse dinheiro. Soja, milho e trigo, entre os grãos, e maçã e uva, entre as frutas, abocanham mais de 80% dos subsídios. Todas as outras atividades – hortifrutigranjeitos, cana-de- açúcar, café, florestas plantadas e pecuária (de corte e de leite) – ficam com os 20% restantes, de acordo com o Ministério da Agricultura.

Por isso, o Ministério, juntamente com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), seguradoras e corretores têm se reunido para discutir não só como divulgar o seguro pecuário, mas também como torná-lo mais atrativo para o pecuarista de leite, com um leque de serviços que vão além do seguro do rebanho por morte dos bovinos. “Seria interessante trabalhar com alguma modalidade de seguro relativa ao faturamento da propriedade leiteira, com apólices que cobrissem algo ligado à produtividade e à perspectiva de rentabilidade, além, claro, de manter o seguro por morte, que precisa ser mais divulgado”, defende o assessor técnico da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Thiago Francisco Rodrigues.

Ele confirma que uma das reivindicações da CNA é a oferta de um leque maior de coberturas para o seguro pecuário. “Se houver modelos mais bem desenhados para a realidade do produtor de leite, abrangendo produtividade e rentabilidade, pode haver um apelo maior para a contratação”, comenta. “Além disso, pleiteamos ao Governo um percentual maior de subvenção ao prêmio”, continua.

No dia 13 de agosto, pelo menos esta demanda já foi atendida pelo Ministério da Agricultura, com a elevação, para 40%, da subvenção ao prêmio a partir de 2020, alta de 5 pontos percentuais em relação às apólices atualmente contratadas para a pecuária. .

 


Leia a íntegra desta matéria na edição Balde Branco 657 (setembro/2019)

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