O parasitismo em bovinos é um dos principais desafios para a pecuária brasileira e, mesmo fora do período de maior infestação, exige atenção constante. O uso estratégico de vermífugos, aliado a diagnóstico precoce e manejo adequado, é essencial para garantir a saúde do rebanho, o ganho de peso, a fertilidade e a produção de leite, evitando prejuízos significativos para os produtores.
Durante os meses mais quentes e úmidos, entre novembro e abril, ocorre a maior proliferação de parasitas, como carrapatos, mosca-dos-chifres, bernes, bicheiras e helmintos gastrointestinais. No entanto, mesmo no inverno, quando as condições ambientais são menos favoráveis, o parasitismo não desaparece e pode continuar comprometendo a produtividade. Por isso, o controle deve ser preventivo e planejado ao longo de todo o ano.
Impactos do parasitismo na pecuária
Segundo Gibrann Frederiko, médico-veterinário e promotor de vendas da Nossa Lavoura, as infestações parasitárias afetam diretamente o desempenho dos bovinos. “Os prejuízos vão desde a perda de peso até problemas reprodutivos e queda na qualidade da carcaça. Um manejo inadequado pode resultar em custos elevados com tratamentos corretivos e redução da lucratividade da fazenda”, explica.
Os sinais clínicos mais comuns incluem mucosas pálidas, diarreia persistente, apatia, queda na produção de leite, coceira intensa, lesões de pele e presença visível de parasitas, como carrapatos e bicheiras. Para confirmação, o diagnóstico deve incluir exames laboratoriais, como análises parasitológicas de fezes, hemogramas e inspeções clínicas periódicas.
DRB: identificando queda de desempenho
O conceito de Desempenho Reprodutivo e Produtivo Baixo (DRB) é útil para identificar rebanhos que estão abaixo do potencial produtivo. Fatores como o aumento do intervalo entre partos, ganho de peso reduzido e baixa conversão alimentar muitas vezes estão ligados à presença de parasitas. Essa avaliação permite ajustes no manejo sanitário e nutricional, prevenindo perdas econômicas.
Uso estratégico de vermífugos
O uso de vermífugos deve ser parte de uma estratégia preventiva e não apenas uma solução emergencial. De acordo com Gibrann, “a aplicação no momento correto ajuda a interromper o ciclo dos parasitas e evita reinfestações. Além disso, o uso consciente reduz o risco de resistência aos princípios ativos, um problema crescente na pecuária brasileira”.
Na escolha do produto, é fundamental considerar o tipo de parasita predominante, a fase produtiva dos animais e o momento do ciclo de produção. Exames como o OPG (ovos por grama de fezes) auxiliam na definição das dosagens corretas e na escolha do melhor princípio ativo. A alternância entre moléculas, como levamisóis e avermectinas, é recomendada para aumentar a eficácia do controle.
Para casos de tristeza parasitária, Gibrann ressalta a importância do uso de medicamentos específicos, como o imidocarb, com atenção especial aos bezerros e vacas gestantes, que são mais vulneráveis às infecções.
Manejo integrado no controle parasitário
Além da aplicação de medicamentos, um manejo integrado é essencial para reduzir a pressão de parasitas na propriedade. Práticas como rotação de pastagens, alternância de espécies forrageiras, uso de controle biológico (fungos antagonistas), limpeza de cochos e currais e o manejo adequado da lotação animal são medidas preventivas eficazes.
“Um erro comum dos produtores é a superdosagem ou subdosagem de vermífugos, bem como a repetição de um único princípio ativo por longos períodos. Outro fator crítico é o manejo inadequado de pastagens, que pode aumentar a contaminação”, destaca o especialista.
A implementação de um calendário sanitário é altamente recomendada, garantindo inspeções regulares e uma abordagem preventiva contínua.
Boas práticas para maior rentabilidade
De acordo com Gibrann, a pecuária moderna exige planejamento e eficiência no uso de medicamentos. “Produtores que adotam práticas estratégicas de controle parasitário conseguem não apenas reduzir perdas produtivas, mas também melhorar a rentabilidade da fazenda. A chave está no diagnóstico precoce, na escolha certa do vermífugo e no manejo integrado.”
Com a combinação de tecnologia, monitoramento e uso racional de medicamentos, é possível manter rebanhos mais saudáveis, produtivos e sustentáveis, atendendo às exigências de qualidade do mercado consumidor.