TMR Brasileira

Por Marcelo Hentz Ramos, PhD – Diretor 3rlab

É realizado um trabalho dentro da propriedade leiteira para certamente produzir uma excelente forragem. Em adição, alimentos são selecionados para complementar aquilo que a forragem não conseguiu fornecer de acordo com a produção de leite desejada. A mistura destes ingredientes gera o que chamamos de TMR (total mixed ration). Entender se realmente o que o nutricionista esta balanceando no software e o que esta chegando na frente da vaca é de extrema importância.

Na tabela 1 apresentamos a análise de inúmeras TMR do Brasil com elementos de importância. Podemos notar que existem TMRs com matéria seca (MS) variando de 30% a 60%. Certamente uma TMR com 30% de MS esta muito úmida e tem a tendência a esquentar, o que comprometerá o consumo de matéria seca (CMS) do animal. Em adição, uma TMR com 60% de MS esta muito seca e pode levar a seleção a também queda no CMS. Uma TMR com MS variando de 40% a 50% estaria em uma boa faixa de umidade.

Tabela 1 – Valores médios de nutrientes da TMR do Brasil

  Min Média Máx
Matéria seca 30 45 60
Proteína Bruta 11 16 21
Proteína Solúvel (%PB) 16 39 61
FDN 24 35 45
Amido 10 22 35
Cinzas 5 8 11
EE 1 3 6

Com relação a proteína bruta (PB), também notamos extremos com mínimo de 11% e máximo de 21% de PB. Interessante notar que a média de 16% é um número muito utilizado pelos nutricionistas. Quando aprofundamos um pouco mais e olhamos para a proteína solúvel (PS), notamos dieta com baixa porcentagem de proteína solúvel (16% da PB), que certamente impactará negativamente a fermentação no rúmen. Como também dietas com excesso de PS (61% da PB), o que certamente irá resultar em um NUL alto no leite. Aproximadamente um terço da proteína bruta como solúvel é uma recomendação muito utilizada.

Quando mudamos o foco para análise de fibra (FDN), podemos notar dietas com 24% de FDN, como também dietas com 45% de FDN. É muito importante entender a qualidade da fibra da forragem (TTNDFD, kd do FDN, uFDN e digestibilidade padronizada) para inferirmos sobre o valor de FDN na dieta. Com relação ao amido, podemos notar dietas com números muito baixos de amido (10%) ou muito altos (35%). Estas variações são causadas normalmente devido a falta de análise da silagem de milho e utilização de um valor do amido da silagem de biblioteca pelo nutricionista, algo que devemos evitar. A análise de cinzas (minerais) mostra dietas com 11% de cinzas. Certamente foi utilizada silagem com contaminação no silo (terra) como parte da TMR.

A análise da sua TMR é de extrema importância. Muitos problemas são resolvidos entendendo que muitas vezes a dieta balanceada pelo nutricionista não é a mesma que esta na frente da vaca. Também de extrema importância é entender que antes de enviar uma dieta para o seu laboratório você precisa passar a Penn State e confirmar que a variação em 10 pontos ao longo do cocho esta aceitável.

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