Muitos produtores de leite dos EUA vivem às voltas com o comprometimento da lucratividade. Como saída, buscam o máximo de tecnologia e eficiência

Em entrevista exclusiva à Balde Branco, John Miller, consultor técnico norte-americano especializado em nutrição de vacas leiteiras, comenta o atual cenário da pecuária leiteira de seu país. Segundo ele, hoje, o leite não está tão rentável como esteve a um ano atrás. “São várias as regiões do país onde os produtores não estão ganhando dinheiro como mereceriam, alguns até mesmo estão tendo prejuízos. Custos com alimentação estão hoje razoáveis, levando em consideração que o preço do milho baixou, reduzindo a cotação de outros ingredientes. Completando, as fontes protéicas também estão mais baratas. Entretanto, o preço do leite não está atraente como já esteve em 2014, 2015. Portanto, muitos produtores estão sob pressão para seguir uma gestão de custos precisa e segura, além de estarem mais alertas sobre a adequação de expandir ou não o rebanho neste momento.

BB – Existem, então, diferenças regionais de cenários?

JM – Especificamente na Califórnia e no Arizona, onde eu trabalho, a margem para produção de leite não está tão boa quanto a margem no meio oeste americano. Nesses dois estados, posso dizer que há produtores de leite até perdendo dinheiro. A projeção para o preço de leite para este novo ano não é de aumento. Portanto, os produtores da Califórnia e Arizona vivem um momento onde terão que ter uma gestão de custos muito, muito precisa, com a certeza de terem à mão um sistema de produção com o máximo de eficiência.

BB – O sr. acredita que eficiência é a palavra do momento na pecuária leiteira americana?

JM – Sim. Os produtores estão tentando ser o mais eficiente possível na produção de leite. Estão encarando a eficiência alimentar como prioridade. Estão procurando tecnologias para aumentar 1 a 2 kg de leite por ordenha, sempre com o objetivo de produzir mais, ser eficiente e diluir custos. Em outras palavras: muitos produtores de leite americanos vivem um momento muito cuidadoso devido ao comprometimento da lucratividade na atividade.

BB – Produtores americanos são reconhecidos como os que mais buscam tecnologia no mundo, buscam cada centavo a mais na produção. Entretanto, o sr. diz que a atual crise está fazendo com que eles sejam cada vez mais eficientes, mais profissionais. Qual a diferença que o sr. nota entre os produtores que estão continuando na atividade e os produtores que estão fechando as fazendas?

JM – Eu trabalho na pecuária leiteira da Califórnia desde 2001. Desde então, tenho visto um aumento crescente do uso de tecnologia. Mas no último ano este aumento foi mais expressivo. Os produtores estão procurando aditivos, ferramentas, tecnologias de forma intensa para aumentar a produção de leite e a eficiência da exploração. Observamos a utilização crescente de tecnologias na gestão de alimentos, no monitoramento da saúde animal, na reprodução… Muitas vezes não estão procurando redução de custos, pois muitos estão dispostos a identificar soluções que levem a uma boa margem, mesmo que se gaste mais para isso.

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Leia a íntegra desta matéria na edição Balde Branco 628, de fevereiro 2017

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