Instrutores do Senar aprendem e ensinam produtor rural a otimizar uso da água a partir do sistema de irrigação por aspersão
Saber a quantidade exata de água que a planta precisa receber é o grande dilema da maioria dos produtores rurais que trabalham com sistemas de irrigação. O fato foi constatado durante aula prática do Programa Nacional de Irrigação do Senar, que capacitou 30 instrutores de 17 diferentes estados.
Os participantes visitaram uma propriedade no Programa de Assentamento Dirigido do Distrito Federal (PAD/DF), localizado nos arredores de Brasília, onde conheceram de perto o sistema de irrigação por aspersão convencional utilizado pelo produtor Rivelino Francisco Simões.
Segundo ele, a irrigação das culturas é feita diariamente e “no olho”. Ele argumenta que essa frequência é necessária. Porém, o teste de uniformidade realizado pelos instrutores mostrou que existem áreas com excesso de umidade e com má distribuição da água, o que prejudica a produção.
A pesquisadora do Inovagri, Débora Camargo, que ministra o treinamento de instrutores, explica que os problemas mais comuns encontrados nas propriedades rurais são a falta de manutenção dos sistemas, em que o produtor não faz uma avaliação periódica de como o sistema está funcionando, a não uniformidade na aplicação da água, além de ter tipos diferentes de emissores, entupimentos e a fertirrigação não ser feita da maneira apropriada.
“Essa propriedade que estamos visitando é um exemplo clássico: entramos na área de avaliação e o solo já estava encharcado. O proprietário informou que aquela área foi irrigada no dia anterior e hoje precisaria ser irrigada novamente, mas o solo já estava encharcado. Ou seja, ele não tem ideia da quantidade de água que tem no solo e continua irrigando, exagerando e desperdiçando água e aumentando o custo de energia dele.”
Solução para o problema – O grupo encontrou uma maneira de ajudar o produtor a verificar a quantidade de água na plantação. A sugestão foi o uso do sistema gasoso de controle de irrigação, desenvolvido pela Embrapa e conhecido como Irrigas. Quem explicou para o produtor como funciona o equipamento foi o instrutor do SENAR Espírito Santo, Fábio Gomes Pimentel.
“É um sistema de fácil construção, elaborado com uma vela de filtro, uma mangueira de sete milímetros, um bebedor de passarinho e uma esfera de isopor. Tudo sai a uns 10 ou 15 reais. É um equipamento simples e acessível e aqui na sua fazenda, o senhor pode estabelecer, dependendo do tamanho da área, a quantidade apropriada de Irrigas. Assim, o senhor poderá usar seu conhecimento e mais esse sistema para poupar água na irrigação”, conta Pimentel.
Da última capacitação em outubro do ano passado sobre irrigação localizada até agora, vários instrutores mostraram para os produtores rurais, durante os treinamentos nos estados, as facilidades do uso do Irrigas, revela Débora Camargo, do Inovagri. “O resultado que temos é que todo mundo que está usando o Irrigas diminuiu de 20 a 30% o consumo de água e a conta de energia também diminuiu consideravelmente.
Na Bahia, a seca também está afetando os produtores rurais, revela o instrutor João Júnior. Segundo ele, o treinamento veio para afinar o conhecimento e deixar as tecnologias de irrigação mais acessíveis ao produtor. “Esse conhecimento será de grande valia porque vamos poder ajudar o produtor a ter mais cuidado com esse recurso tão importante para todos nós que é a água.”
Animado com a repercussão do curso, o coordenador do programa, Rafael Diego Nascimento da Costa, afirma que a ideia do SENAR com a iniciativa é essa: “mostrar para o produtor que é possível ter eficiência e otimizar o uso da água com os sistemas de irrigação, trazendo assim, mais economia para a propriedade rural.”
Durante as aulas práticas, os profissionais também conheceram o sistema de irrigação por pivô central, em uma propriedade em Cristalina-GO que utiliza para irrigação de pasto, frutas e grãos. O Programa do SENAR prevê ainda outra capacitação para os instrutores, o tema será sistema de irrigação por superfície e inundação.