A pecuária brasileira está vivenciando um momento de plena ascensão. O Brasil se destaca como o maior exportador, terceiro maior consumidor mundial e segundo maior produtor de carne bovina do mundo. E as projeções para 2025 são promissoras, com um crescimento esperado de 9,2% no setor, e uma expansão de 20,9% na bovinocultura de corte, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Nesse cenário, a adoção de práticas sustentáveis emerge como fator crucial para o sucesso e a longevidade dos negócios. O bem-estar animal deixou de ser apenas uma questão regulatória, tornando-se um diferencial competitivo para os pecuaristas. Rebanhos bem cuidados, com manejo sanitário eficaz, alimentação balanceada e espaço adequado para movimentação, apresentam melhor desempenho produtivo e longevidade. A redução de estresse dos animais, por exemplo, resulta em uma carne mais macia para comercialização e produtos de maior qualidade, atributos altamente valorizados pelo mercado internacional.
A indústria alimentícia e os consumidores estão cada vez mais atentos à origem dos produtos. Certificações de bem-estar animal (BEA), como as concedidas por entidades como Instituto Certified Humane Brasil, Neocert, Integral Certificadora e FairFood, garantem que os animais tenham sido criados de maneira correta, sem restrição nutricional e de água e em ambiente confortável. Além disso, essas certificações asseguram que os alimentos fornecidos tenham sido produzidos de forma ética e sustentável. Aqueles que adotam essas práticas não só atendem às exigências globais, mas também fortalecem a reputação do setor e ampliam suas oportunidades de negócios.
Uma pesquisa encomendada pela World Animal Protection e realizada pela Ipsos no Brasil, em 2016, revelou que 82% dos consumidores comprariam produtos de fontes que cumprem os requisitos de bem-estar animal, e 91% acreditam que animais criados sob essas condições geram produtos de maior qualidade. Além disso, 74% afirmaram que a produção de carne que se preocupa com o bem-estar animal no Brasil é mais sustentável e tem menor impacto ambiental.
Complementando essa visão, o relatório Brasil Food Trends 2020 destacou que o país segue tendências de consumo observadas em regiões como Europa, América do Norte e Ásia, com cerca de 21% dos consumidores orientando suas escolhas alimentares por aspectos de bem-estar, sustentabilidade e ética, especialmente quando há selos de qualidade e informações claras sobre a origem dos produtos.
A crescente preocupação dos consumidores com a sustentabilidade e origem dos alimentos tem exigido cada vez mais que as empresas invistam nessa área e façam escolhas criteriosas de seus fornecedores e parceiros. Da fazenda ao frigorífico, passando pela indústria de insumos e equipamentos, as boas práticas sustentáveis agregam valor ao negócio, influenciando positivamente a percepção dos consumidores sobre a marca, além de manter a empresa competitiva no setor.
No agronegócio, a palavra sustentabilidade abrange um amplo conjunto de medidas destinadas a atender às demandas da sociedade moderna, incluindo o bem-estar animal, a preservação do meio ambiente, a garantia da dignidade dos trabalhadores e a manutenção da produtividade dos sistemas ao longo do tempo. Essas questões tornaram-se essenciais para os novos consumidores. Os elos finais da cadeia produtiva interpretam essas demandas e as transmitem aos produtores, que precisam se adaptar para continuar comercializando seus produtos. Caso não cumpram essas diretrizes, correm o risco de perder acesso ao mercado.
Em um cenário cada vez mais competitivo, é de suma importância que as fazendas invistam na adequação de suas estruturas físicas com currais de manejo antiestresse, disponibilização de sombra nas pastagens e no confinamento e fornecimento de alimentação e água de qualidade, além da capacitação das equipes para garantir o bem-estar animal. As boas práticas no tratamento dos rebanhos são fundamentais para a sustentabilidade da cadeia produtiva e garantem uma pecuária mais resiliente, responsável e alinhada às expectativas globais de ética e responsabilidade ambiental.