Boas práticas através dos tempos

Propriedade de dois séculos atrás se mantém ativa no leite, revezando gerações e produzindo dentro de práticas que garantem qualidade e rentabilidade

Por Nelson Rentero

Percorrer as instalações e os corredores da Fazenda Nossa Senhora das Valias, localizada em São Gonçalo do Sapucaí -MG, é se deparar com a história de uma propriedade produtiva com cerca de dois séculos e conduzida por uma família que atualmente soma sete gerações. Tal continuidade, muito rara no meio rural, se explica pelo empenho dedicado e persistente de todos que responderam pela gestão de negócios, sempre absorvendo mudanças e inovações e mantendo a marca de práticas adequadas na diversificada produção agropecuária.

Hervê de Campos Vargas Jr., o administrador, filho de Abigail Valias Vargas e sobrinho de Solange Valias de Rezende, as proprietárias, não esconde sua pitada de orgulho ao relatar fatos que conferem a longevidade de um projeto cujos primeiros registros datam de 1834. Formado em agronomia, ele responde pela produção de leite e café nos últimos 15 anos, tradicionais pilares da exploração. Mas neste período optou por ampliar o leque produtivo, incorporando cereais, como milho, soja, aveia, seringueiras (em fase inicial) e criação de bovinos, equinos e ovinos.

A propriedade tem 960 ha. Do histórico constavam inicialmente café e cana, chegando a ter escravos como mão de obra. Com a libertação, no final do século XIX, passou a contar com imigrantes italianos para cuidar da lavoura. Dos registros fotográficos consta o casario reservado à senzala, como mostra o livro Elites Regionais e a Formação do Estado Imperial Brasileiro, de Marcos Ferreira de Andrade. De pé e sendo utilizada, hoje está a casa-sede e uma capela com mais de 200 anos, cuja devoção está voltada à santa que dá nome à fazenda.

Na área de cultivo, 200 ha sempre foram reservados para o café, que este ano devem produzir 7 mil sacas. Para o milho dispõe de 150 ha, cultivados para produção de silagem e de grãos, destinados à alimentação do rebanho e comercialização do excedente. Recentemente incorporou gado de corte, com 1.000 cabeças. Com espírito conservacionista e de responsabilidade social, estão preservadas as matas, com cerca de 200 ha de reservas, e as nascentes de água, que atendem à demanda das várias atividades e também das casas de diversas famílias que trabalham ali. “Muitos dos empregados trabalham na fazenda há três, quatro gerações”, cita Hervê.

Acrescenta que a passagem do tempo na N. S. das Valias sempre foi mar¬cada por inovações e pioneirismo. Foi um dos primeiros rebanhos no estado de Minas a contar com gado importa¬do da Holanda, a utilizar inseminação artificial (década de 1960) e a produzir leite tipo B (década de 1970). Recebeu vários prêmios em julgamentos de pista e em torneios leiteiros, sendo o primeiro em 1945. Com o café não foi diferente. Recebeu o Prêmio de Produtividade Rural do Ministério da Agricultura em
1985 e vários outros pela qualidade da produção.

Leia a íntegra desta matéria na edição Balde Branco 633, de julho 2017

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