Produzir mais na pecuária após o fim da vacina

produzir mais na pecuária

Mudança estrutural com o fim da vacinação obrigatória

O cenário atual da pecuária brasileira exige maior atenção às práticas sanitárias, já que a meta de produzir mais na pecuária ganhou novos desafios após o fim da obrigatoriedade da vacinação contra a febre aftosa. Com um rebanho de cerca de 194 milhões de cabeças, a retirada da vacinação representa uma mudança profunda no modelo de produção, em especial para os mais de 70% dos animais que compõem o meio e a base da pirâmide pecuária.

O novo ambiente produtivo demanda que o pecuarista assuma papel mais ativo na prevenção e no monitoramento das doenças que afetam o desempenho do rebanho. A antiga lógica de vacinação massiva é substituída por ações permanentes de vigilância e manejo sanitário, essenciais para produzir mais na pecuária com segurança e competitividade.

Conscientização sanitária e necessidade de novas rotinas

A retirada da vacina não elimina a obrigatoriedade de imunizações contra outras enfermidades que impactam diretamente os índices zootécnicos. Doenças como raiva, clostridiose, enfermidades reprodutivas e respiratórias continuam exigindo monitoramento e vacinação regular.

Entre os equívocos recorrentes está a falsa percepção de que, sem a vacina contra aftosa, não há necessidade de vermifugação. A redução da vermifugação implica queda de produtividade no médio e longo prazo, dificultando os esforços para produzir mais na pecuária em sistemas cada vez mais eficientes.

O manejo sanitário passa a depender de protocolos mais criteriosos, adaptados às particularidades de cada região e às necessidades específicas do rebanho.

Impacto das diferenças culturais e regionais no manejo

As diferenças regionais influenciam diretamente os resultados. No Sul do país, a chamada “carrapato-dependência” obriga os manejos de curral a ocorrerem com regularidade, preservando sanidade, controle parasitário e calendário de imunizações.

Em contrapartida, nas regiões Norte e Centro-Oeste, onde a pressão parasitária é menos visível, o pecuarista tende a postergar o manejo, o que prejudica o desempenho produtivo. O clima também interfere: períodos de seca prolongada ou chuvas intensas dificultam a condução do gado ao curral, atrasando as práticas sanitárias essenciais para produzir mais na pecuária de forma contínua.

Oportunidades e riscos na abertura de novos mercados

A obtenção do status de livre de febre aftosa sem vacinação amplia a competitividade do Brasil e favorece a abertura de mercados antes inacessíveis. Países como Japão, Coreia do Sul e Estados Unidos exigem alto nível sanitário e rastreabilidade rigorosa.

Com esse novo status, torna-se possível agregar valor à carne brasileira, diversificar compradores e reduzir a dependência de mercados como o chinês. Essa expansão é vista como oportunidade-chave para produzir mais na pecuária com retorno econômico superior.

Entretanto, o risco de reintrodução do vírus permanece. Falhas de notificação, movimentações ilegais de animais e fronteiras vulneráveis podem comprometer o status sanitário do país. Em caso de foco, as exportações seriam suspensas imediatamente e haveria perda de mercado e abates sanitários.

Vigilância ativa e infraestrutura sanitária

Para mitigar riscos, o Brasil precisa reforçar sua vigilância ativa, treinando veterinários oficiais e privados, ampliando sistemas de notificação e estruturando barreiras físicas e zonas de contenção.

Uma medida estratégica é a criação de um banco nacional de antígenos e vacinas contra aftosa, permitindo resposta rápida em caso de emergências sanitárias. Países como Estados Unidos, Canadá e Argentina já operam sistemas semelhantes, considerados pilares de segurança sanitária.

Essa estrutura é indispensável para produzir mais na pecuária sem comprometer a credibilidade internacional conquistada.

Rastreabilidade como exigência global

Com o fim da vacinação obrigatória, cresce a necessidade de rastrear cada animal desde o nascimento até o abate. O Programa Nacional de Identificação de Bovinos e Búfalos (PNIB), publicado em 21 de julho de 2025, inicia a consolidação da rastreabilidade individual no país.

Esse programa oferece transparência, fortalece a segurança sanitária e atende às exigências de mercados premium, reforçando as bases para produzir mais na pecuária com padronização e confiança internacional.

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