Os queijos paranaenses ganharam visibilidade internacional após conquistarem premiações no World Cheese Awards 2025, realizado de 13 a 15 de novembro, em Berna, na Suíça. Entre mais de 5 mil produtos avaliados por especialistas de mais de 50 países, três queijos produzidos em Toledo (PR) se destacaram, reforçando o avanço tecnológico e o potencial competitivo da queijaria artesanal do estado.
Produções premiadas em Toledo ganham reconhecimento internacional
Os queijos paranaenses premiados foram desenvolvidos no Laboratório de Queijos Finos do Biopark Educação, que se consolida como um polo tecnológico e formador de talentos para o setor. O queijo Abaporu, de massa mole com casca lavada, conquistou medalha de prata pela complexidade sensorial que combina notas adocicadas de baunilha, amêndoa, caramelo e especiarias como canela e cravo. Com maturação superior a 30 dias, o Abaporu já havia garantido ouro no Mondial du Fromage, na França, e agora será lançado comercialmente pela queijaria Flor da Terra, ampliando a presença dos queijos paranaenses no mercado nacional.
Outro destaque foi o queijo tipo Saint Marcellin, também medalha de prata. Comercializado pela Flor da Terra, o produto acumula premiações expressivas, incluindo o reconhecimento entre os dez melhores queijos do Brasil no concurso Queijos Brasil 2023 e a prata no Mondial du Fromage 2025. Inspirado na tradição francesa, o Saint Marcellin apresenta textura macia, cremosidade característica e um perfil amanteigado com nuances que lembram cogumelos frescos e ervas, reforçando a capacidade dos queijos paranaenses de competir com clássicos internacionais.
O terceiro produto paranaense premiado foi o inédito Garoa Tropical, que recebeu medalha de bronze. Criado com inspiração em técnicas antigas que utilizavam frutas cítricas para coagulação, o queijo apresenta enzimas específicas que conferem sabor único e textura diferenciada. A novidade também será lançada em breve pela Flor da Terra, ampliando o portfólio de queijos paranaenses de alto valor agregado.
Tecnologia e identidade regional impulsionam a produção
Os resultados obtidos pelos queijos paranaenses são fruto de um projeto que, há seis anos, transforma o leite de pequenos e médios produtores em produtos premium. A iniciativa do Biopark acumula 72 premiações nacionais e internacionais, consolidando o Paraná como uma referência em inovação queijeira. O projeto oferece consultoria integral gratuita, desde análises de qualidade do leite até desenvolvimento de identidade visual, rotulagem, adequação às normas e acesso ao mercado.
Segundo Kennidy de Bortoli, pesquisador do Laboratório de Queijos Finos do Biopark Educação, o acompanhamento contínuo garante que os produtores mantenham padrões elevados. A transferência direta das tecnologias desenvolvidas no laboratório fortalece a competitividade dos queijos paranaenses e permite que pequenos negócios avancem com segurança técnica.
A gerente de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação do Biopark Educação, Carolina Trombini, explica que o suporte inclui orientação para investimentos em infraestrutura, escolha de equipamentos, layout das queijarias e gestão. Reuniões bimestrais abordam temas estratégicos como marketing digital, vendas, abertura de mercados e boas práticas de fabricação, fortalecendo as bases para que os queijos paranaenses se destaquem em concursos e no comércio.
Parcerias ampliam impacto e fortalecem o ecossistema produtivo
O avanço dos queijos paranaenses é resultado de uma rede colaborativa que envolve o Biopark, o Biopark Educação, o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR), o Sebrae/PR, o Sistema Faep/Senar e a Prefeitura de Toledo. A coalizão promove qualificação técnica, inovação e valorização da produção regional, com foco em diferenciação de mercado e certificações como SIM, SUSAF e SISBI.
Com base em diagnósticos específicos para cada produtor, o projeto direciona tecnologias adequadas às características do leite de cada propriedade. A diversidade de técnicas e estilos favorece a formação de um ecossistema competitivo e a construção de uma rota de queijos paranaenses de alto padrão no Oeste do Estado.
Premiações reforçam o potencial de expansão
Em 2024, o queijo Passionata, fruto da tecnologia do projeto, foi eleito o melhor da América Latina e o 9º melhor do mundo no World Cheese Awards. Hoje, o programa reúne 27 produtores e já planeja expansão estadual, com apoio do governo do Paraná. O modelo tem sido referência para políticas de desenvolvimento rural e para a consolidação dos queijos paranaenses como produtos premium no mercado global.
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