Está em curso a campanha de vacinação contra a febre aftosa. Confira a orientação para se ter bom proveito da ação   

A campanha nacional de vacinação de bovinos e bubalinos contra a febre aftosa teve início na maior parte do país em maio. Para que a imunização seja bem sucedida e o manejo sanitário não interfira nos resultados econômicos do rebanho, é preciso planejar a vacinação e dar bastante atenção ao manejo.

A vacinação é encarada por muitos de forma negativa por interferir na rotina do manejo e pelas consequências que uma aplicação mal feita pode causar no rebanho. Porém, com planejamento e a adoção dos conceitos de manejo racional é possível obter benefícios econômicos diretos, diminuir perda de doses, danificar menos equipamentos, correr menores riscos de acidente no trabalho e melhorar a rotina das atividades da fazenda.

O médico veterinário Renato dos Santos, responsável pela Área de Manejo Racional da Beckhauser, explica que, sob estresse, o bovino produz hormônios, como cortisol, com consequências fisiológicas que fazem com que o animal tenha menor probabilidade de reagir imunologicamente à vacina ou a um vermífugo. Por isso, o manejo deve ser feito com calma e sem agressões para que seja possível aproximar-se dos 100% de eficiência na imunização; do contrário, provavelmente a fazenda estará jogando boa parte da vacina fora.

A condução dos animais até o curral deve sempre ser realizada com calma, sem correrias ou gritos. “Use sempre um vaqueiro diante da tropa (ponteiro) e não utilize objetos pontiagudos, muito menos choque”, recomenda o veterinário.

Quando o pasto for distante do curral, os animais devem ser conduzidos na tarde anterior, deixando-os passar a noite no pasto próximo ao curral. O ideal é que o pasto tenha água, sombra e cocho para proporcionar pequenas quantidades de alimento que acostumem os animais a irem ao curral.

“Em dias de chuva, quando se forma barro mole no curral, deve-se evitar o manejo de vacinação, pois há grande probabilidade de se injetar terra junto com o medicamento”, alerta, explicando que os animais devem ser levados para o curral em lotes de acordo com a capacidade de processamento, pois encher demais o curral dificulta o manejo e aumenta o estresse do gado.

A seringa deve ser abastecida com a quantidade adequada de forma a permitir um fluxo de manejo constante: “O bovino é um animal gregário, de grupo, e caminha seguindo o da frente. Se não tiver a quem seguir, torna-se mais difícil embretá-lo. Por outro lado, se colocarmos mais animais na seringa do que ela comporta, certamente provocaremos lesões e estresse, com consequências diretas no resultado da imunização”.

A aplicação da vacina deve obedecer à legislação, que determina que seja feita na tábua do pescoço, sem risco de deixar lesões e resíduos em carnes nobres. Para que isso seja feito, uma boa contenção é fundamental. “É comum  achar que a vacinação com os animais soltos no brete coletivo rende mais, mas se a fazenda fizer o teste dividindo um lote em dois – no mesmo curral, com a mesma equipe – e marcar o tempo desde a entrada do primeiro animal até a saída do último, vai ver que o tempo é o mesmo, isso se não cair nenhum animal no brete coletivo que dê trabalho para levantar.

Seguindo esses procedimentos, além da eficácia da imunização, é possível diminuir as perdas registradas na cadeia produtiva por conta do manejo sanitário incorreto. “Para se ter uma ideia da importância disso, calcula-se que o Brasil perde 17 milhões de quilos de carne por ano em consequência de lesões vacinais (Pesquisa Moro & Junqueira, 1999). Portanto, planejar corretamente a campanha de vacinação é vital para a competitividade da pecuária brasileira”, finaliza Santos. 

Para mais esclarecimentos, veja o vídeo com dicas de manejo para vacinação: https://www.youtube.com/watch?v=uBNql7LSKHU

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